Sociologia – Professor:
Helio Ventura
dependência – 2º ano do
ensino médio
Cidadania
Cidadania significa o conjunto de direitos e
deveres pelo qual o cidadão, o indivíduo está sujeito no seu relacionamento com
a sociedade em que vive. O termo cidadania vem do latim, civitas que quer
dizer “cidade”.
Este
conceito de cidadania está arraigado à noção de direito, no que se refere aos
direitos políticos, sem os quais o indivíduo não poderá intervir, nos negócios
do Estado, onde permite, participar direta ou indiretamente do governo e na
consequente administração, através do voto direto para eleger ou para
concorrer, a um cargo público da maneira indireta. A cidadania pressupõe direitos e deveres e a serem cumpridos pelo
cidadão que serão responsáveis pela sua vivência em sociedade.
A cidadania é um reconhecimento dos direitos das
pessoas por parte do Estado, que assegura os direitos civis, como a saúde, a
educação, a moradia, o trabalho e o salário digno, além dos direitos políticos,
como votar e ser votado e participar da vida política.
O principal direito do cidadão é o direito à vida,
previsto no art. 5º da Constituição Federal. A partir desse direito, decorrem
outros para garanti-lo: o direito à liberdade, à igualdade, à dignidade,
à segurança, à moradia, à alimentação, ao emprego, ao salário, à saúde, ao
lazer, à educação, etc.
Vivemos
em uma sociedade em que todos têm
direitos e deveres. A cada direito corresponde uma obrigação social. Todos os
homens e mulheres, independentemente de sua orientação sexual, têm direitos e
deveres consigo próprios e com os outros. Todas as pessoas são iguais perante a
lei, assim como homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
conforme o art. 5º da Constituição Federal. Isso quer dizer que não é o homem
somente quem deve mandar na casa, mas o casal (homem e mulher), em igualdade de
condições, pois ambos gozam dos mesmos direitos e obrigações.
O seu direito termina onde começa o de seu
semelhante, transformando-se em dever. São os deveres sociais que
contribuem para o progresso social e para a estabilidade dos direitos dos
demais cidadãos. Se todos respeitassem
seus direitos e deveres a vida seria bem melhor. Assim, para organizar,
controlar e regular a vida em sociedade é que os governos foram criados, de
modo eu são eleitos pelo povo para governar. Esse processo democrático impõem
aos cidadãos o dever de respeitar a legitimidade dessas escolhas feitas pelo
próprio povo.
Todo brasileiro deve ser um fiscal permanente das
coisas da política, do estado e da sua sociedade. Os povos
que alcançaram um bom padrão de vida devem isso à participação de seus
cidadãos. Nada se consegue de graça.
Para isso, uma dose de esforço nos é exigida, de modo que devemos sempre buscar
nossos direitos. Com a soma desse conjunto de atos é que poderemos
construir um país mais justo e melhor. Isso depende de cada um e de toda a
sociedade.
De nada adianta ficar de braços cruzados esperando
que o governo resolva milagrosamente levar a você os serviços de
água, esgoto, segurança, escola, saúde e alimentação. Há pessoas que acham que
está tudo errado e que não há solução para isso. Outros ficam com medo,
calam-se e continuam sofrendo injustiças. Tais atitudes nada ajudam, pelo
contrário, contribuem para manter as coisas como estão, sem que nada melhore. É preciso acreditar e colaborar com a
justiça e a sociedade.
Comece
por sua comunidade e você já estará dando uma grande contribuição; Você, por
exemplo, tem o dever cívico não só de eleger seus governantes, como tem o
direito de exigir um governo honesto, que faça obras e cuide dos serviços
públicos, principalmente no município onde você reside.
É importante saber que não nos basta o direito
escrito em lei: precisamos de um direito que funcione! Precisamos conhecer
nossos direitos e exigir que sejam respeitados. Por isso temos de lutar,
“correr atrás”, pois sabemos que aquele que não luta jamais vai conseguir o que
precisa.
A
cidadania é exercida pelo indivíduo, por grupos e até instituições que através
do empoderamento, isto é, através do poder que tem para realizar tarefas sem
necessitar de autorização ou permissão de alguém, realizam ações ocasionando
mudanças que as levam a evoluir e se fortalecer, participando em comunidades,
em políticas sociais, participando ativamente de ONGs através do voluntariado, onde
acontecem ações de solidariedade, para o bem da população excluída das
condições de cidadania. Estas organizações conseguem complementar o trabalho do Estado, realizando ações onde ele não
consegue chegar.
Direitos e Deveres
Os direitos e
deveres estão escritos em várias leis, principalmente na Constituição Federal
(que vale para todo o Brasil), na Constituição Estadual (cada estado possui a
sua) e nas Leis Orgânicas de cada município. Desses textos decorrem outras leis
federais, estaduais e municipais, que dão tratamento específico a cada assunto.
O documento legal mais importante do país é a
Constituição Federal, pois ali estão inscritos os direitos e deveres de todo o
povo brasileiro, além da organização do governo. Deste modo, nenhuma lei pode
ir contra o que está na Constituição.
Cidadania e Direitos Humanos
A idéia da cidadania é uma idéia eminentemente
política que não está necessariamente ligada a valores universais, mas a
decisões políticas.
Um determinado governo, por exemplo, pode modificar radicalmente as prioridades
no que diz respeito aos deveres e aos direitos do cidadão; pode modificar, por
exemplo, o código penal no sentido de alterar sanções; pode modificar o código
civil no sentido de equiparar direitos entre homens e mulheres, pode modificar
o código de família no que diz respeito aos direitos e deveres dos cônjuges, na
sociedade conjugal, em relação aos filhos, em relação um ao outro. Pode
estabelecer deveres por um determinado período, por exemplo, àqueles relativos
à prestação do serviço militar. Tudo isso diz respeito à cidadania. Mas, o mais
importante é o dado a que me referi inicialmente: direitos de cidadania não são direitos universais, são direitos
específicos dos membros de um determinado Estado, de uma determinada ordem
jurídico-política. No entanto, em muitos casos, os direitos do cidadão
coincidem com os direitos humanos, que são os mais amplos e abrangentes. Em
sociedades democráticas é, geralmente, o que ocorre e, em nenhuma hipótese,
direitos ou deveres do cidadão podem ser invocados para justificar violação de
direitos humanos fundamentais.
Os Direitos Humanos são universais e naturais. Os
direitos do cidadão não são direitos naturais, são direitos criados e devem
necessariamente estar especificados num determinado ordenamento jurídico. Já os
Direitos Humanos são universais no sentido de que aquilo que é considerado um
direito humano no Brasil, também deverá sê-lo com o mesmo nível de exigência,
de respeitabilidade e de garantia em qualquer país do mundo, porque eles não se
referem a um membro de uma sociedade política; a um membro de um Estado; eles
se referem à pessoa humana na sua universalidade. Por isso são chamados de
direitos naturais, porque dizem respeito à dignidade da natureza humana. São
naturais, também, porque existem antes de qualquer lei, e não precisam estar
especificados numa lei, para serem exigidos, reconhecidos, protegidos e
promovidos.
Evidentemente, é ótimo que eles estejam reconhecidos
na legislação, é um avanço, mas se não estiverem, deverão ser reconhecidos
assim mesmo.
Poder-se-ia perguntar: mas por quê? Por que são universais e devem ser
reconhecidos, se não existe nenhuma legislação superior que assim o obrigue? Essa é a grande questão da Idade Moderna.
Porque é uma grande conquista da humanidade ter chegado a algumas conclusões a
respeito da dignidade e da universalidade da pessoa humana, e do conjunto de
direitos associados à pessoa humana. É uma conquista universal que se
exemplifica no fato de que hoje, pelo menos nos países filiados à tradição
ocidental, não se aceita mais a prática da escravidão. A escravidão não apenas
é proibida na legislação como ela repugna a consciência moral da humanidade.
Não se aceita mais o trabalho infantil. Não se aceitam mais castigos cruéis e
degradantes. Vejam bem como essa questão é complicada: há países no ocidente
que aceitam a pena de morte, mas não aceitam o castigo cruel ou degradante;
aceitam a pena de morte, mas não aceitam a tortura.
Assim, percebemos como direitos que são naturais e
universais são diferentes de direitos que fazem parte de um conjunto de
direitos e deveres ligados às idéias de cidadão e cidadania. Um pequeno
exemplo esclarece, penso eu, essa questão: uma
criança não é cidadã, no sentido de que ela não tem certos direitos do adulto,
responsável pelos seus atos, nem tem deveres em relação ao Estado, nem em
relação aos outros; no entanto, ela tem integralmente o conjunto dos Direitos
Humanos. Um doente mental não é um cidadão pleno, no sentido de que ele não é
responsável pelos seus atos, portanto ele não pode ter direitos, como, por ex.,
o direito ao voto, o direito plena à propriedade e muito menos os deveres, mas
ele continua integralmente credor dos Direitos Humanos. Outros exemplos
poderiam ser lembrados: os indígenas são tutelados, não são cidadãos à parte
inteira, mas devem ter integralmente respeitados seus Direitos Humanos.
Cidadania
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Direitos Humanos
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- Conjunto de direitos e deveres
ligados à ideia de cidadão.
- Ideia ligada a decisões
políticas.
- Diz respeito aos direitos e
deveres do cidadão, membro de um determinado Estado.
- Direitos e deveres mais
específicos.
- Direitos criados e especificados
em um determinado ordenamento jurídico.
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- Ideia ligada a valores
universais. Diz respeito aos direitos universais de toda e qualquer
pessoa.
- Direitos mais abrangentes.
- São universais no sentido de que
aquilo que é considerado um direito humano deverá sê-lo com o mesmo
nível de exigência, de respeitabilidade e de garantia em qualquer país
do mundo.
- São naturais porque dizem
respeito à dignidade da natureza humana.
- Existem antes de qualquer lei.
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A
noção de Direitos do Homem e do Cidadão é relativamente nova. Os atenienses,
que inventaram a democracia, não a conheceram, pois sua concepção de cidadania
excluía a participação política das mulheres e convivia com a existência de
milhares de escravos.
Hoje, muitos desses direitos estão
garantidos em Declarações, Tratados, Constituições e outras
legislações, mas não são efetivamente
respeitados no cotidiano da maioria da população mundial. No entanto, são
eles a referência quando se quer transformar uma ordem injusta que desumaniza a
existência das pessoas.
A expressão "Direitos do Homem" refere-se ao universal, ao que todo
homem é e tem por direito, independentemente do país em que vive ou da forma de
governo ali adotada. Já "Direitos do
Cidadão" diz respeito à relação do indivíduo com a sua nação. Assim,
um indivíduo, em situações específicas, pode ter alguns de seus direitos de
cidadão suspensos temporariamente, mas nunca perde os direitos do homem.
Os direitos do homem ou humanos são
fundamentais, pois correspondem a necessidades essenciais da
pessoa, como a vida, igualdade, liberdade, alimentação, saúde e educação. São também considerados universais por
serem válidos para todas as pessoas, independentemente de nacionalidade,
etnia, gênero, classe social, religião, escolaridade, orientação sexual, idade
etc.
Não há como pensar em direitos sem pensar
nas responsabilidades individuais e coletivas que o uso ou cumprimento
do direito requer. Os direitos implicam
deveres a cumprir e a observância deles é condição imprescindível para a
convivência social.
Os direitos do homem e do cidadão dizem respeito à satisfação das
necessidades pessoais. Ao longo da história, eles vêm sendo formulados para que todas as
pessoas possam contribuir com suas melhores qualidades para a sociedade e, ao
mesmo tempo, usufruir os bens e benefícios construídos pelo trabalho humano:
saúde, conhecimento, cultura, lazer. Na prática, a garantia desses direitos é um
grande desafio contemporâneo.
A constituição desses direitos nunca ocorreu de forma harmoniosa. Pelo contrário, foi marcada por
diferentes posições ideológicas e conflitos sociais. As mulheres, por exemplo,
foram excluídas do projeto de cidadania na Revolução Francesa. A revolucionária
Olympe de Gouges escreveu sua "Declaração dos Direitos da Mulher e da
Cidadã", denunciando que a queda da Bastilha não rompeu os grilhões da
opressão de gênero.
Mesmo hoje, com a maioria dos
direitos incorporados às Constituições nacionais, convivemos, por exemplo, com
a falta de atendimento à saúde, de educação de qualidade e de lazer, ou seja,
com a exclusão social de milhares de pessoas. Desse modo, garantir os direitos para todos é uma luta cotidiana.
O que são direitos civis?
Os direitos
civis referem-se às liberdades individuais, como o direito
de ir e vir, de dispor do próprio corpo, o direito à vida, à liberdade de
expressão, à propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser julgado fora de
um processo regular, a não ter o lar violado. Os direitos e responsabilidades civis fortalecem a sociedade civil e os indivíduos
na relação com os poderes do Estado. Junto com os direitos políticos, são
considerados direitos de primeira geração,
e tem como tônica a liberdade dos
cidadãos.
Esse grupo de direitos tem por objetivo
garantir que o relacionamento entre as pessoas seja baseado na liberdade de
escolha dos rumos de sua própria vida – por exemplo,
definir a profissão, o local de moradia, a religião, a escola dos filhos, as
viagens – e de ser respeitado. É preciso
ressaltar que liberdade de cada um não pode comprometer a liberdade do outro.
Ter os direitos civis garantidos, portanto,
deveria significar que todos fossem tratados em igualdade de condições perante
as leis, o Estado e em qualquer situação social,
independentemente de raça, condição econômica, religião, filiação, origem
cultural, sexo, ou de opiniões e escolhas relativas à vida privada.
Dessa forma, o exercício e a garantia dos
direitos civis não existem sem o convívio e o respeito (ou ao menos a
tolerância) com os diferentes modo de ser, sentir e agir. Se reivindicamos o
direito às nossas liberdades individuais, assumimos ao mesmo tempo o
compromisso e a responsabilidade de zelar para que essas liberdades existam
para todos. Preocupar-se com a garantia dos direitos significa
tanto exercitá-los em nossa vida quanto construir no cotidiano condições que
permitam a sua ampla realização.
O documento-chave para a
afirmação dos direitos humanos foi a "Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão", proclamada na França, em 1789, no contexto de uma revolução contra o poder absoluto do rei e pelo fim
dos privilégios do clero e da aristocracia.
A
condição fundamental para a garantia dos direitos civis é de natureza social.
Logo, se em uma sociedade determinados grupos ficam excluídos desses direitos,
essa desigualdade atinge não apenas as pessoas que sofrem as violações, mas a
todos, inclusive aqueles que têm seus direitos garantidos. O nosso cotidiano
está repleto de exemplos: cidadãos negros são quase sempre considerados mais
"suspeitos" do que os brancos no caso de roubos.
A
Queda da Bastilha foi seguida pela Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão
Imagem: Reprodução
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Quando
falamos do direito a liberdades individuais, uma pergunta está sempre presente:
deve haver limites para o exercício dessas liberdades? Já existem formulações
sobre essa discussão. Na "Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão", aprovada em 1789, após a Revolução Francesa, há um
artigo a esse respeito:
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo
que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada
homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da
sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites apenas podem ser
determinados pela lei.
Nesse artigo, o problema dos
limites ao exercício das liberdades individuais foi resolvido pelo princípio da
generalização, que pode ser explicado da seguinte forma: se a conduta de uma
pessoa ou grupo for estendida a todas as pessoas ou grupos, todos terão os
mesmos direitos. A intolerância
religiosa, por exemplo, é uma violação dos direitos civis, pois impede que o
direito à escolha da religião seja universal. Como o exercício das
liberdades individuais tem conseqüências na vida coletiva, têm de ser traduzido
em leis.
Os direitos civis não podem existir nem ser
compreendidos isoladamente, pois têm uma estreita relação com os direitos
políticos, sociais e os chamados direitos de terceira geração.
O que são direitos políticos?
Carlota
Pereira foi a primeira mulher deputada,
eleita para a Constituinte de 1934 por São Paulo
Foto: Reprodução
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Os direitos
políticos referem-se à participação do cidadão no governo da
sociedade, ou seja, à participação no poder. Entre eles estão a possibilidade de fazer manifestações políticas,
organizar partidos, votar e ser votado. O exercício desse tipo de direito
confere legitimidade à organização política da sociedade. Afinal, ele relaciona
o compromisso de pessoas e grupos com o funcionamento e os destinos da vida
coletiva.
Como dito anteriormente, junto
com os direitos e responsabilidades civis, os direitos políticos são
considerados direitos de primeira geração,
e tem como tônica a liberdade dos
cidadãos. Ambos fortalecem a sociedade
civil e os indivíduos na relação com os poderes do Estado.
Pode-se
fazer uma distinção básica entre
direitos civis e políticos. Enquanto os direitos civis se referem a um espaço de liberdade dos
indivíduos em relação ao Estado,
os direitos políticos abrangem a
atuação dos indivíduos no Estado
e na vida social. Ao participar da vida política, os indivíduos interferem em
todos os outros direitos, os definem formalmente e legislam a esse respeito.
Quando participamos de uma manifestação pela preservação de uma área ambiental,
por exemplo, estamos exercendo nosso direto político e, com isso, lutando pela
garantia de um meio ambiente saudável para todos. Desse modo, o exercício das
liberdades individuais só é possível com a participação nas questões públicas e
nas instituições de organização política da sociedade.
Assim,
só existe a plena participação na vida pública, dentro dos limites da
democracia representativa, se houver:
·
Igualdade de condições para a
participação política, tanto dos eleitores quanto dos candidatos aos cargos
públicos;
·
Transparência nas decisões dos
representantes;
·
Uso do cargo público para atender
a necessidades realmente públicas e não ao privilégio de poucos;
·
Mecanismos de consulta popular
instaurados e efetivamente utilizados para a tomada de decisões.
Nesse
sentido, a garantia dos direitos
políticos, além do direito de votar e ser votado, pressupõe uma sociedade
organizada e atuante que controla e orienta os poderes do Estado, além de
participar deles. Isso implica garantia, por exemplo, da liberdade de
expressão sem constrangimentos de qualquer ordem. Essa é uma condição básica
para a vida política democrática. Assim,
temos a responsabilidade de lutar tanto para que nossas opiniões existam e se
façam valer, quanto para que todos possam ter esse mesmo direito garantido.
No Brasil, os direitos políticos nem sempre
foram garantidos. Durante os períodos colonial e imperial, os negros eram
proibidos de freqüentar a escola, de aprender a ler e escrever. As mulheres só
conquistaram efetivamente o direito de voto em 1934, já na república. Nessa
época, a existência da imprensa também era proibida, impedindo a livre expressão
de opinião. Esse direito foi violado
também em outros períodos de nossa história, como na ditadura do Estado Novo,
de 1937 a 1945, e no período do Regime Militar, de 1964 a 1985. Essa
violação do direito de opinião não afetou apenas os grupos que desejavam ter
suas idéias veiculadas e discutidas naquele momento. Mais que isso, significou
a ausência de um espaço público de debates sobre a vida social, política e
cultural brasileira, com repercussões negativas para toda a sociedade.
O que são direitos sociais?
Os
direitos sociais, assim como os demais, são constituídos historicamente e,
portanto, produto das relações e conflitos de grupos sociais em determinados
momentos da história. Eles nasceram das lutas dos trabalhadores
pelo direito ao trabalho e a um salário digno,
pelo direito de usufruir da riqueza e dos recursos produzidos
pelos seres humanos, como moradia, saúde, alimentação, educação, lazer. Esses são, por exemplo, os direitos
ratificados na legislação trabalhista, como a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT).
Os direitos sociais
são a chamada “segunda geração de
direitos”. Se os direitos da primeira geração tinham por referência a
liberdade, esses têm como tônica a
igualdade. São também os direitos
econômicos e culturais e incluem, entre outros, o direito a trabalho,
organização sindical, greve, estabilidade no emprego, segurança no trabalho,
previdência social, saúde, educação gratuita e acesso à cultura e
moradia.
Para que os direitos sociais sejam
estendidos a todas as pessoas, é preciso, em primeiro lugar, que todos já
tenham o direito à vida assegurado. Todas as coisas que possuímos, como
dinheiro, bens materiais, trabalho, poder e até mesmo nossos direitos, perdem
valor quando a nossa vida está ameaçada. Nenhum bem humano é superior à vida,
que é o bem maior de qualquer pessoa. Ao valorizar a minha vida e a do outro,
estou valorizando a humanidade. Mas, além de garantir a vida, há ainda que se
viver com dignidade, o que requer a satisfação das necessidades fundamentais.
O
trabalho é um direito e um dever de todo cidadão. De certa forma, é pelo
trabalho que construímos grande parte dos bens coletivos, sejam eles de origem
manual ou intelectual. É um direito fundamental, pois é por meio dele que
transformamos a natureza e melhoramos nossa qualidade de vida e a de todas as
pessoas. É preciso ressaltar que a remuneração pelo trabalho deveria
proporcionar aos trabalhadores e suas famílias a satisfação de suas
necessidades fundamentais de alimentação, moradia, saúde, educação, cultura e
lazer.
O direito à saúde é um dos
direitos fundamentais dos seres humanos; sem ela ninguém consegue viver com
"bem estar", nem realizar tudo o que for necessário para ser
feliz. Por isso, ele deve ser garantido
a todos, independentemente da condição financeira. Ou seja, esse direito não
pode ser considerado como um produto comercializável, ao qual somente as
pessoas de maior poder aquisitivo têm acesso. Além disso, boas condições de
moradia, alimentação e trabalho devem ser consideradas como essenciais para a
saúde das pessoas.
A Constituição
Federal afirma que a educação é um direito de todos e
um dever do Estado e da família, que visa ao pleno desenvolvimento da
pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania. No entanto, não basta dizer
que todos têm o mesmo direito de ir à escola. É preciso que tenham efetivamente
a mesma oportunidade, independente das condições econômicas de cada um.
Crianças e adolescentes que têm de ser submetidas ao trabalho precoce para
contribuir no orçamento familiar, vêem as suas oportunidades de acesso à
educação tolhidas por conta da situação sócio econômica de suas famílias.
Sobre
o direito à educação, o "Estatuto da Criança e do
Adolescente" (ECA) estabelece as seguintes responsabilidades do Estado:
·
Oferta do Ensino Fundamental, obrigatório
e gratuito, e progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade para o
Ensino Médio;
·
Oferta de creche e pré-escola
para as crianças de 0 a 6 anos;
·
Oferta de ensino noturno regular
para atender ao adolescente trabalhador;
·
Atendimento especializado para
portadores de necessidades especiais;
·
Obrigatoriedade dos pais em
matricular seus filhos na escola, definindo como direito dos responsáveis
participar da definição das propostas educacionais;
·
Garantia de oferta de ensino de
boa qualidade.
Os direitos sociais, apesar de expressos em
quase todas as legislações nacionais, não estão totalmente assegurados a todos,
além de ainda corrermos o risco de que sejam retirados das constituições.
Exemplo disso no Brasil são os direitos trabalhistas, como a estabilidade no
emprego, décimo terceiro salário, licença maternidade e férias, entre outros,
que podem, de acordo com os interesses econômicos, deixar de ser direitos de
uma hora para outra.
Ou seja, direitos não são "dados"
historicamente e sim conquistas que resultam de muitas lutas.
Ainda hoje, com Constituições modernas e democráticas, é preciso lutar para que
sejam efetivamente garantidos na nossa vida cotidiana e, ainda, para que
continuem inscritos nas legislações dos diferentes países.
O que são os direitos de terceira geração?
Como produto da ação de diversos movimentos
sociais nas últimas décadas do século XX, surge um conjunto de direitos referentes à dignidade humana. A característica
marcante desses direitos é que os seus titulares não são pessoas individualmente,
mas grupos sociais, como negros, indígenas, mulheres, homossexuais,
trabalhadores rurais, pessoas sem moradia, crianças, idosos, entre outros. Esses direitos buscam garantir condições
para que esses grupos sociais possam existir e se desenvolver integralmente,
sem serem subjugados ou discriminados. Por serem direitos atribuídos a
grupos sociais, são chamados de "difusos".
Os
direitos de terceira geração buscam também garantir a qualidade da vida humana, regularizando a intervenção na natureza e
a utilização de patrimônios universais, como o fundo dos
mares, o espaço cósmico e a Antártida. Eles
definem, também, bens culturais e naturais como patrimônios da humanidade,
incluindo obras de arte, construções e recursos naturais que tenham valor
estético, histórico ou científico.
Embora
os detentores dos direitos de terceira geração ou do direito de solidariedade
sejam grupos sociais, sua violação compromete o conjunto da sociedade. Por
exemplo, não se pode falar de uma sociedade livre, se as mulheres, as crianças,
os negros ou os homossexuais são reprimidos dentro dela. Da mesma forma, a
preservação das obras de arte de um museu europeu e de uma cidade histórica
brasileira são importantes para a história não apenas de um grupo cultural, mas
de toda a humanidade.
Martin
Luther King,
líder da luta anti-
racista nos EUA
Foto: Reprodução
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Outros direitos de terceira geração são o direito à paz e ao
desarmamento. O combate às formas de violência e ao desarmamento das
populações civis e dos Estados são condições para a melhoria da vida humana,
para a coexistência da diversidade de vida dos grupos sociais e para a mediação
pacífica dos conflitos.
A formulação dos direitos difusos e
solidários reforça a idéia de universalidade e interdependência dos direitos.
Em seu conjunto, eles buscam melhorar a vida humana nos seus aspectos
econômicos, culturais, sociais e políticos, e esse é também o objetivo de todos
os que lutam pela sua efetivação global.
Declaração
Universal dos Direitos Humanos
A humanidade tem trilhado uma
longa marcha na luta pelos direitos humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 10 de dezembro
de 1948, pela Organização das Nações Unidas, marcou a evolução definitiva
do conjunto de ideais expressos nos chamados “direitos naturais”, para a
afirmação de um estatuto de base política e legal, de caráter laico e universal, respaldando os direitos, garantias e
liberdades fundamentais para a vida digna de homens e mulheres.
A declaração, lançada logo depois do final da “Segunda Guerra Mundial”,
assinada por um conjunto de países, foi anunciada como um novo instrumento de
relação entre as nações, as sociedades e os indivíduos, com a pretensão de
superar e não permitir a repetição das atrocidades que assolaram a humanidade durante
o período belicoso.
Depois de 65 anos da constituição
da Declaração dos Direitos Humanos, o mundo continua a ser tão injusto como
seis décadas antes, e as contradições sociais ainda são o motor da sonegação e
da violação dos direitos sociais, culturais e econômicos das pessoas.
O regime jurídico contido na Declaração não tem sido capaz de conter a
discriminação, as desigualdades e a exclusão, marcas mais evidentes da forma de
organização social e econômica que reproduz uma ordem de hierarquia, onde poucos
homens são dotados de grandes privilégios, e, no oposto, muitos outros
sobrevivem com precariedade e a carência.
Em todas as nações, são os pobres que arcam com o grande fardo de não
poder usufruir dignamente da imensidão de riquezas produzidas socialmente pela
humanidade e nem dos recursos técnicos e científicos que lançam esperança de
melhores dias para todos. As chamadas “minorias”, como indígenas, ciganos,
homossexuais, independentemente do lugar onde estejam, são vítimas de violência, xenofobia e preconceito.
O imperialismo praticado por
alguns países, ainda desfere os seus golpes contra os povos do mundo, causando
insegurança entre o conjunto de nações e garantindo, à força, os interesses
estratégicos mais emergentes, com ocupação militar e violação de direitos.
Nesta fase do desenvolvimento da humanidade, a
perspectiva dos direitos é uma utopia fundamental. Mais que uma carta, os direitos humanos precisam garantir, em apenas um
enunciado, a efetiva e plena realização humana da felicidade, com liberdade
e o direito ao trabalho, à cultura, à educação, ao lazer, à saúde e à harmonia
entre os homens.
Garantias ou “Remédios” Constitucionais
São os
meios colocados à disposição dos indivíduos pela Constituição para proteção de
seus direitos fundamentais. Esses meios são utilizados quando o simples
enunciado de direitos fundamentais não é suficiente para assegurar o respeito a
eles.
Esses
remédios são os instrumentos colocados, pelo ordenamento constitucional
nacional, para a proteção dos direitos humanos. Nesse particular atende-se a um
reclamo de ordem internacional.
REMÉDIOS
CONSTITUCIONAIS: HABEAS CORPUS:
ART. 5º LXVIII - MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL: ART. 5º LXIX
- MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO: ART. 5º LXX - HABEAS DATA:
ART. 5º LXXII - AÇÃO POPULAR: ART. 5º LXXIII - MANDADO DE
INJUNÇÃO: ART. 5º LXXI
Direitos
fundamentais: “são bens e vantagens prescritos na norma constitucional”, ou
seja, são as liberdades expostas na Constituição da República. Garantias
fundamentais: as garantias são os meios ou instrumentos constitucionais de
proteção dos bens e liberdades fundamentais. Devemos notar que, sob uma ótica
específica, é possível argumentar que as garantias também são direitos
fundamentais.
Os
direitos fundamentais do homem, ao receber positivação, passam a desfrutar de
uma posição de relevo, no que toca ao ordenamento jurídico interno.
Mas a
mera declaração ou reconhecimento de um direito não é suficiente, não bastando
para sua plena eficácia, porque se torna necessário tutelar esse direito nas
situações em que seja violado.
Os
direitos individuais tornar-se-iam letra morta se não fossem acompanhados de
ações judiciais que pudessem conferir-lhe uma eficácia compatível com a própria
relevância dos direitos assegurados.
A
Constituição cidadã de 1988 priorizou o respeito à pessoa humana e ampliou as
garantias civis com novos remédios processuais, como: o mandado de segurança
coletivo, o mandado de injunção e o habeas data.
As
declarações de direito anunciam as liberdades, são os grandes textos enunciativos
da liberdade. As garantias Constitucionais são os remédios “assecuratórios das
liberdades”. Direitos e garantias se complementam.
Movimentos Sociais
A maioria dos teóricos sociais concorda em que
neste modo de ação coletiva engloba um tipo especifico de relação socialmente
conflitiva. O tipo clássico é o movimento operário que marcou a sociedade
industrial do século XIX ao inicio do século XX. Mais recentemente nos anos
60, a maioria dos países do ocidente vivenciou importantes movimentos sociais.
Ex. movimento estudantil, movimentos pelos direitos civis e os movimentos pela
paz.
Enquanto nos países de terceiro mundo surgiram
movimentos de libertação nacional durante os anos 70 e inicio dos anos 80 um
grande numero de movimentos sociais proliferou atreves da America do norte e da
Europa – movimentos de mulheres, ecológicos, antinucleares e pela paz, bem como
movimentos pela autonomia regional.
Em outras partes, surgiram movimentos
fundamentalistas enfatizando a especificidade cultural. Muitos movimentos sociais
desafiam estruturas institucionais, modos de vida e de pensar, normas e códigos
morais. Na verdade os movimentos sociais estão intimamente ligados à mudança
social, e vários aspectos da sociedade contemporânea são provavelmente
conseqüências das ações dos movimentos sociais.
De um ponto de vista teórico, também os
movimentos sociais se colocam no centro da discussão cientifica social.
Afirmando que o comportamento coletivo e movimentos sociais são conceitos
centrais da teoria sociológica e o fato de o uso da atual expressão ser
bastante impreciso, mesmo na literatura profissional, pode dever-se em grande
parte à excessiva variedade de fenômenos que baseiam na experiência e não no
estudo aos quais essa noção potencialmente os aplica.
Tal como a maioria das noções das ciências
sociais, a de movimentos social não descreve parte da realidade, mais é um
elemento de um modo especifico de construir a realidade social.
Os paradigmas teóricos dos movimentos sociais
podem ser considerados sob diferentes rubricas.
Como
já dizia o filósofo Karl Marx “Mudanças na sociedade ocorrem a partir da
ebulição dos movimentos sociais: contra o capital e o Estado.” Os Movimentos Sociais são de extrema
importância, porque cobram mudanças, reivindicam transformações, mostram quando
a povo não está satisfeito com as medidas adotadas por governantes, além de
cobrar medidas quando necessário.
Porém,
os Movimentos Sociais vem perdendo força com o passar do tempo. Os que ainda
sobrevivem são poucos tais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem
Terra), UNE (União Nacional dos Estudantes) e a CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e mesmo assim não possuem mais o vigor e expressão que antes
possuíam. O egoísmo, o consumismo
desenfreado, a concorrência, a alienação imposta pelo mercado vem impedindo que
as pessoas se unam para lutar e reivindicar o bem em comum, tais fatores somado
ao desinteresse em relação à política contribuem para que “políticos” aprovem
leis que prejudicam o povo, além de roubarem dinheiro público, enquanto cidadãos
honestos e trabalhadores morrem na fila do hospital aguardando o atendimento
que não tem, enquanto crianças ingressam precocemente no “mercado de trabalho”.
É
impressionante como o Sistema Capitalista consegue se metamorfosear de maneira
tão sórdida e mesquinha deixando seu rastro de sangue, afastando as pessoas,
destruindo laços de solidariedade e fraternidade, e que a cada dia vem tirando
das pessoas o sentido de viver em sociedade. Apesar de todos estes fatores, é necessário que o povo se mobilize e não
mais aceite como normal o fato de deputados trabalharem menos e ganharem mais
ou deixar acabar em pizza assuntos referentes à corrupção de “políticos”; é
necessário também, cobrar as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
HISTÓRIA DO TRABALHO
1 – Visão filosófica do trabalho:
- Pelo trabalho o homem transforma a natureza.
Sua ação é intencional, dirigida por um projeto político (antecipação da
ação pelo pensamento). O projeto orienta a ação e esta altera o projeto,
que de novo altera a ação, fazendo com que haja mudança dos procedimentos
empregados, o que gera o processo histórico.
- O homem faz uso da linguagem, comunicando-se
com o outro e tornando presente no pensamento o que está ausente.
- O trabalho é atividade coletiva.
- Além de transformar a natureza, o trabalho
transforma o próprio homem. Ou seja, pelo trabalho o homem se autoproduz.
O trabalho altera a visão que o homem tem do mundo e de si mesmo.
2 – Visão histórica do trabalho:
- A etmologia da palavra trabalho vem do
vocábulo latino tripaliari, do
substantivo tripalium, um
aparelho de tortura. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento,
pena, labuta.
- Na Antiguidade grega, todo trabalho manual
era desvalorizado por ser feito por escravos.
- Na Idade Medieval consideravam a ars mechanica (arte mecânica) uma ars inferior.
- Na Idade Moderna a situação começou a mudar
com a ascensão dos burgueses, que tinham origem fora da nobreza e que,
portanto, tinham outra concepção a respeito do trabalho. A burguesia busca
novos mercados e há a necessidade de estimular as navegações.
O ser humano é o único ser vivo
capaz de realizar sonhos. Só para citarmos um: o sonho de voar. O homem
não tem – em seu equipamento biológico – qualquer condição de voar. Porém, a
partir de sua capacidade de sonhar e empreender, criou o avião e os outros
instrumentos que possibilitam que o ser humano voe.
Por outro
lado, trabalho é um fazer exclusivo do ser humano. Só o ser humano trabalha, de
todas as espécies animais. O que distingue o resultado das atividades humanas daquele
proveniente da mais organizada das comunidades animais? Podemos dizer que só o
homem trabalha e as demais espécies realizam atividades próprias da sua
experiência genética ou por que são impelidos a isso por forças externas à sua
vontade. Só o homem age, intencionalmente, movido pelas vontades, transformando
o meio em que vive, e beneficiando-se disso. Quando o homem põe uma semente na
terra, espera com isso colher os frutos e tirar disso algum benefício. Quando
um animal, atrelado a uma carroça, transporta a ração que irá comer mais tarde,
não o faz intencionalmente, nem porque está com fome, mas porque um homem o
atrelou à carroça. Por mais prenhe de capacidade de germinação que seja uma
semente de milho à frente de uma galinha, nunca deixará de ser só mais um grão
de milho a ser engolido. Mas para o homem, mesmo faminto, a semente de milho
pode implicar em várias espigas, graças ao trabalho. O trabalho, portanto, é um
dado cultural, sendo uma manifestação da própria cultura, mas também um
elemento próprio da espécie humana. É a característica teleológica do
trabalho. A teleologia é uma doutrina que estuda os
fins últimos da sociedade, humanidade e natureza.
Suas origens remontam a Aristóteles, com a sua noção de que as coisas servem a
um propósito. Portanto, o trabalho serve a um propósito.
A história do trabalho é tão antiga quanto à do
homem. Em muitos momentos elas se confundem. Mas, por incrível que pareça, nem
sempre trabalho foi sinônimo de tortura como a etimologia da palavra demonstra.
O termo deriva do latim, tripalium, instrumento de tortura, derivando do
adjetivo tripális, que significa sustentado por três estacas ou mourões. O
termo tripaliare, influenciou vários idiomas, entre eles o português trabalhar,
o francês travailler, o espanhol trabajar e o italiano traballare. Mas quando
exatamente o trabalho deixou de ser algo simples e encantador para se tornar
sinônimo de sacrifício? E para onde está indo essa atividade que ocupa mais de
um terço de nossas vidas?
Podemos conceituar trabalho como o método pelo
qual se produz bens e serviços. O trabalho está bastante presente em nossa
sociedade, sendo um elemento de troca. O conceito de trabalho é importante para
designar justamente, a necessidade do homem em ter um convívio social, visto
que ninguém pode produzir sozinho todos os bens ou serviços que necessita,
fazendo necessário haver trocas desses bens e serviços com outros indivíduos.
O conceito de trabalho é generalizado, não se
restringindo ao tipo de trabalho realizado. Assim, em uma fábrica, por exemplo,
as atividades do presidente e do funcionário com menor posição hierárquica são
consideradas igualmente como trabalhos, visto que resultam em bens e serviços.
O que diferencia um trabalho é o tipo das
atividades realizadas. Não existe nenhum trabalho exclusivamente manual ou
exclusivamente intelectual, mas sim, uma combinação entre as atividades manuais
e intelectuais. Assim, podemos dizer que a atividade de um cientista é
predominantemente intelectual, porém também existem algumas atividades manuais
em seu trabalho. Da mesma forma, no caso de operário de construção civil, o
trabalho é predominantemente manual, porém existem certas atividades
intelectuais envolvendo seu trabalho.
O trabalho ainda pode ser classificado segundo o
grau de capacitação exigido dos profissionais. O trabalho qualificado é aquele
que só é feito mediante certo grau de aprendizagem e conhecimento, exemplo:
trabalho de um médico. Já o trabalho não qualificado se trata daquele onde não
é necessário possuir um grau de instrução, visto que as atividades podem ser
desenvolvidas por imitações ou simples instruções, exemplo: trabalho de um
servente de pedreiro.
É mesmo difícil de imaginar, mas já houve um
tempo em que não precisávamos trabalhar para viver. Naquela época, nossa comida
era banana e nossa casa um galho. E vivíamos felizes! Tudo o que necessitávamos
estava ali, ao alcance das nossas mãos. Vida simples, pouco stress.
Passávamos o tempo comendo, brincando, namorando e descansando. Um verdadeiro
paraíso. Daí, a Mãe Natureza nos “deu um gelo” e tivemos que abandonar o nosso
jardim do Éden à procura de alimento e abrigo. Jogados ao mundo, inexperientes
e indefesos, enfrentamos não apenas a fome, mas também alguns predadores
famintos. A situação apertou muito para o nosso lado até percebermos que
tínhamos um diferencial competitivo: mãos! Graças a elas, conseguimos criar
alguns artifícios capazes de garantir a nossa sobrevivência. Foi o início da
Era “gente que faz”, pois para ter alimento e proteção, precisávamos fazer alguma
coisa. A fórmula era, simplesmente, fazer = ter. E nós realmente fizemos.
Plantamos, industrializamos, informatizamos e globalizamos. De uma espécie em
risco de extinção com menos de dois milhões de seres, crescemos para mais de
seis bilhões sobre a face da Terra.
É nesse processo de agricultura, industrialização
e informatização que vamos nos aprofundar neste texto para saber para onde
estamos caminhando.
O
trabalho de caça e coleta
Após a
era glacial há cerca de 150 mil anos, que secou nosso habitat natural, que eram
as árvores, caímos num mundo novo e totalmente desconhecido, o chão. Nas
árvores sabíamos nos virar e sobreviver, na terra não conseguíamos ser mais
velozes que um rato ou uma galinha, não tínhamos olfato apurado e nem uma boa
visão noturna para fugir dos predadores. O trabalho desse período era manter-se
vivo. Preservar a espécie era o melhor que poderíamos fazer, o homem trabalhava
apenas para ele mesmo. Precisamos de alguns milhares de anos de alimentação de
insetos para nos darmos conta de que com as mãos, poderíamos agarrar um pedaço
de pau e caçar bichos maiores e mais saborosos. Nesse momento o homem deixa de
lado a coleta para passar à caça. Caçar exige muito mais esforço, planejamento
e dedicação. O homem caçador tornou-se, desde aquela época, escravo de seu
trabalho. Somente quando trabalhava bem conseguia alimentar-se e dar de comer à
sua prole. O trabalho passou a ser uma obrigação que deveria ser feita todos os
dias, afinal não sabíamos se a caça daria certo naquele dia ou não. Ao
contrário dessa era, no tempo em que vivíamos nas árvores o labor era algo que
se fazia apenas quando necessário.
Agricultura
Há mais
de 12 mil anos, na pré-história do período neolítico, surgiu a agricultura,
baseada em duas observações:
1. Notamos que ao colocar alguns grãos na terra, esses seriam semeados,
cresceriam e dariam origem a muitos outros na planta que nascia. Isso permitiu
que nossa maior riqueza na época, o alimento, se multiplicasse.
2. Constatamos que em alguns períodos era mais difícil caçar. Concluímos,
portanto, que se colhêssemos sementes conseguiríamos armazenar o alimento por
muito mais tempo o que nos manteria vivos em épocas de “vacas magras”.
A
agricultura possibilitou ao homem se estabelecer em uma região (ser
sedentário), não precisando mais correr atrás da presa e se deslocar por
territórios desabitados (ser nômade). Com mais permanência no mesmo lugar
geramos riquezas e melhoramos por consequência nosso padrão de vida. No
entanto, acabamos por desnaturalizar o ambiente, desmatando a vegetação nativa
para implantar a monocultura de poucas plantas. Buscamos sempre maior
quantidade com menor variedade. Posteriormente passamos a utilizar pesticidas e
outros elementos químicos, causando um grande impacto no solo, na água, na
fauna e na flora das regiões exploradas.
O
escambo e o comércio
Até
esse momento da história o trabalho tinha um único propósito: sobrevivência.
Caso ele nos proporcionasse subsistência estava cumprido seu papel. Surge
timidamente o comércio, que se inicia pelo processo de troca direta. Na verdade
o ser humano sempre usou o câmbio de produtos quando tinha uma necessidade
imediata. Com o passar do tempo, o comércio se organizou e se consolidou.
Concentrava-se principalmente em cidades que eram pontos de passagem de peregrinações
religiosas. Ele foi a primeira manifestação institucionalizada de vontades mais
elaboradas. Há cerca de 3000 anos, o homem começou a não se contentar apenas em
alimentar-se ele desejava sabores diferentes e sensações inéditas.
Surgem
nessa época os artesãos, que introjetaram na sociedade a troca do trabalho pela
auto-estima ou pela utilidade de seus produtos. Os seus afazeres eram
realizados em oficinas construídas nas casas dos próprios artesãos, utilizando
poucas ferramentas, energia humana, animal e hidráulica, para criar um produto
único e não padronizado. Um artesão conseguia realizar todo o trabalho sozinho,
às vezes se aliava a um grupo para dividir as etapas do processo da produção.
Esse processo se chamava manufatura, pois não havia o uso de máquinas. Com cada
vez mais produção, as trocas começaram a ficar mais elaboradas , gerando a
necessidade de criar uma moeda. Esse é outro momento muito marcante na história
do labor. Até então, nenhum trabalho tinha um valor determinado. Era algo subjetivo,
todas as realizações valiam o preço da subsistência ou da necessidade de
outros. A partir da moeda, o trabalho começou a ter diferentes valores.
Iniciou-se também a especialização, por mais rude que ainda pudesse ser.
Modos
de produção
O modo de produção é a maneira
pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os
distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças
produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
Modo de produção = forças produtivas + relações de produção
Portanto, o conceito de modo de
produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro
organizador de todos os aspectos da sociedade.
Os modos de produção são elementos que marcaram
toda a história. Podemos afirmar que na vida em sociedade, sempre há algum tipo
de modo de produção. Embora o capitalismo tenha surgido e se consolidado como o
sistema produtivo mais importante da história, houve muitos outros modos de
produção pré-capitalistas. É importante ressaltar que nenhum modo de produção é
único, ou seja, numa sociedade feudal, por exemplo, também pode haver trabalho
escravo.
Os modos de produção pré capitalistas são aqueles
anteriores ao capitalismo, onde a terra era a maior fonte de riqueza, pois
esses modos de produção se basearam no agricultura, diferente do capitalismo,
onde a moeda (capital) é o elemento principal.
Modo de produção comunal primitivo
É considerado o primeiro modo de produção da
história. Iniciou-se na pré história, a partir da época em que o homem deixou
de ser nômade e passou a plantar e caçar. Tal modo se baseia no uso coletivo
dos meios de produção, nas relações familiares e no cooperativismo,
semelhantemente ao que ocorre em muitas aldeias indígenas. Assim, no modo de produção
comunal primitivo, não havia propriedade privada, uma vez que todos os bens e
modos de produção eram coletivos.
O modo de produção comunal primitivo designa uma
formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o
aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante
centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo escravismo,
pelo feudalismo e pelo capitalismo juntos mal ultrapassa cinco milênios.
Na comunidade primitiva os
homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos do trabalho
eram propriedade coletiva, ou seja, de todos. Não existia ainda a ideia da
propriedade privada dos meios de produção, nem havia a oposição proprietários x
não proprietários.
As relações de produção eram
relações de amizade e ajuda entre todos; elas eram baseadas na propriedade
coletiva dos meios de produção, a terra em primeiro lugar.
Também não existia o estado.
Este só passou a existir quando alguns homens começaram a dominar outros. O
estado surgiu como instrumento de organização social e de dominação.
Modo de produção escravista
Surgido na Antiguidade, e diferentemente do
comunal primitivo, o modo de produção escravista foi o primeiro a estabelecer o
conceito de propriedade privada. Os senhores, a minoria, eram proprietários dos
escravos. As relações aqui não são de cooperação, como no modo comunal
primitivo, mas sim, de domínio e sujeição, uma vez que os escravos eram vistos
como instrumentos, como objetos, animais, etc.
Outro importante fato referente a esse sistema é
que foi a partir dele – e do surgimento da propriedade privada – que surgiu a
necessidade de se criar um órgão para garantir o bem-estar, a justiça, a ordem
e a manutenção dos direitos dos proprietários de terras: o Estado.
Na sociedade escravista os
meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram
propriedade do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto,
assim como um animal ou uma ferramenta. Os senhores eram proprietários da força
de trabalho (os escravos), dos meios de produção (terras, gado, minas,
instrumentos de produção) e do produto de trabalho.
Assim, no modo de produção
escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição:
senhores x escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de
escravos, que não tinham nenhum direito.
Modo de produção asiático
Presente principalmente em civilizações da Antiguidade,
como Egito e Mesopotâmia, bem como na China e na Índia. Foi marcado pela
existência de um Estado forte que apresentava mecanismos burocráticos e
eficientes com o fim de submeter toda a sociedade ao seu poder. Todos os bens e
meios de produção eram pertencentes ao Estado, sendo este encarnado pelo rei,
imperador, etc.
A agricultura, base da economia desses Estados, era praticada por
comunidades de camponeses presos à terra, que não podiam abandonar seu local de
trabalho
e viviam
submetidos a um regime de trabalho
compulsório. Na verdade,
esses camponeses (ou aldeões) tinham acesso à coletividade das terras de sua
comunidade, ou seja, pelo fato de pertencerem a tal comunidade, eles tinham o direito e o dever de cultivar as terras desta.
Fatores que determinaram o fim
do modo de produção asiático:
- A propriedade de terra
pelos nobres;
- O alto custo de manutenção
dos setores improdutivos;
- A rebelião dos servos e escravos.
Modo de produção feudal
Predominante na Europa ocidental entre os séculos
V e XVI, na Idade Média, foi marcado pelas relações entre senhores e servos. Os
senhores eram os donos da terra e do trabalho agrícola do servo, contudo, os
servos não eram vistos apenas como objetos, como no modo escravista. O servo
tinha o direito de cultivar um pedaço de terra cedido pelo senhor e viver ali
com sua família. Em troca, ele pagava impostos, rendas, além de trabalhar para
o senhor. Os senhores feudais tinham certa independência em relação ao sistema
político presente, visto que possuíam seus próprios exércitos.
A sociedade feudal era constituída pelos senhores
x servos. Os servos não eram escravos de seus senhores, pois não eram
propriedade deles. Eles apenas os serviam em troca de casa e comida.
Trabalhavam um pouco para o seu senhor e outro pouco para eles mesmos.
Num determinado momento, as
relações feudais começaram a dificultar o desenvolvimento das forças
produtivas. Como a exploração sobre os servos no campo aumentava, o rendimento
da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o crescimento da
produtividade dos artesãos era freado pelos regulamentos existentes e o próprio
crescimento das cidades era impedido pela ordem feudal. Já começava a aparecer
às relações capitalistas de produção.
Modo de produção capitalista
O que caracteriza o modo de produção capitalista
são as relações assalariadas de produção (trabalho assalariado). As relações de
produção capitalistas baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção
pela burguesia, que substituiu a propriedade feudal, e no trabalho assalariado,
que substituiu o trabalho servil do feudalismo. O capitalismo é movido por
lucros, portanto temos duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores
assalariados.
Grandes
mudanças começaram a ocorrer em toda a Europa independentemente da vontade
daqueles que detinham o poder e a riqueza, a partir do século XV, o comércio já
era a principal atividade econômica na Europa, nesse período, o capitalismo
(mercantil ou comercial) estruturava-se definitivamente a partir da necessidade
e do interesse dos países europeus ou algumas cidades européias em aumentar seu
mercado para além dos limites nacionais e continentais. Essas mudanças
ocorreram de forma gradativa, imperceptíveis para aqueles que viviam naquela
época. Começaram a surgir novos grupos sociais: comerciantes, artesãos e
camponeses livres, algo impossível durante o período feudal, pois a dificuldade
de mobilidade social era fato.
A
partir daí, ocorreu a decadência do feudalismo; a servidão da gleba (obrigações
feudais dos servos) foi substituída pelo trabalho assalariado, e a primazia dos
senhores feudais coube então à burguesia mercantil e ao rei. A ampliação do
comércio internacional consolidou o sistema capitalista dentro de uma sociedade
de classes, na qual, de um lado, surgia e se fortalecia uma burguesia mercantil
que, em aliança com os reis, detinha o poder e a riqueza (capital), e, de outro
lado, o proletariado que, separado do capital e de seus meios de produção,
tinha a oferecer sua força de trabalho em troca de salário.
Foram
dois séculos de amadurecimento até a Revolução Industrial (1750). As inovações
técnicas aliadas às riquezas provenientes das áreas colonizadas acabaram por
promover um acúmulo de capital e uma crescente expansão da economia. O
capitalismo se tornou o modo de produção dominante a partir da Revolução
Industrial, iniciada na Inglaterra.
Surgiu,
assim, a necessidade de garantir o fornecimento de matérias-primas, dominar os
mercados consumidores e aplicar o capital de maneira segura, aumentando a
capacidade de produzir e, consequentemente, os lucros. A riqueza provinha,
então, da capacidade de produzir mercadorias e não mais do comércio.
Assim,
o capitalismo industrial provocou a disputa pelas áreas fornecedoras de
matérias-primas, pelos mercados compradores e pelos locais de investimentos
seguros, levando as grandes potências dos séculos XIX e XX (Inglaterra, França,
Bélgica, Japão, EUA e tardiamente Itália e Alemanha) a competir pela dominação
política e econômica do mundo e pela partilha dos territórios asiáticos e
africanos
[1],
de acordo com seus próprios interesses.
O
resultado da competição foi o imperialismo expresso pelo domínio econômico de
uma nação sobre outra, na tentativa de manter o abastecimento de
matérias-primas e os mercados consumidores, o que teve como consequências o militarismo,
o nacionalismo, o racismo e a hierarquização das nações.
A
partir da II Guerra Mundial, com as potências europeias enfraquecidas e em
crise, surgem os EUA como grandes investidores externos, graças ao acúmulo de
capital e a seu crescente poder político-militar. O capitalismo entra em uma
nova fase, financeira ou monopolista, com a expansão de grandes empresas
[2],
o incessante acúmulo de capitais em escala mundial, o monopólio e a
internacionalização da produção. Uma das características do modo de produção
capitalista são as relações assalariadas de produção; tais relações baseiam-se
na propriedade privada dos meios de produção, livre concorrência e livre
iniciativa (economia de mercado); lucro como objetivo; presença de duas classes
sociais: burguesia e proletariado.
O
capitalismo compreende quatro etapas:
Pré-capitalismo: o modo de produção feudal
ainda predomina, mas já se desenvolvem relações capitalistas.
Capitalismo comercial: a maior parte dos lucros
concentra-se nas mãos dos comerciantes (Mercantilismo), que constituem a camada
hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se mais comum.
Capitalismo industrial: com a Revolução
Industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas indústrias, que se
tornam a atividade econômica mais importante; o trabalho assalariado firma-se
definitivamente.
Capitalismo financeiro: os
bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais
atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, à indústria, à pecuária, e ao
comércio.
Taylorismo
Taylorismo ou Administração
científica é o modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro
estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que é considerado o pai da
administração científica.
Taylor pretendia definir
princípios científicos para a administração das empresas. Tinha por objetivo
resolver os problemas que resultam das relações entre os operários, como
consequência modifica-se as relações humanas dentro da empresa, o bom operário
não discute as ordens, nem as instruções, faz o que lhe mandam fazer.
Organização Racional do
Trabalho:
- Análise do trabalho e estudo
dos tempos e movimentos: objetivava a isenção de movimentos inúteis, para que o
operário executasse de forma mais simples e rápida a sua função, estabelecendo
um tempo médio.
-Estudo da fadiga humana: a
fadiga predispõe o trabalhador à diminuição da produtividade e perda de
qualidade, acidentes, doenças e aumento da rotatividade de pessoal.
-Divisão do trabalho e
especialização do operário
-Desenho de cargos e tarefas:
desenhar cargos é especificar o conteúdo de tarefas de uma função, como executar
e as relações com os demais cargos existentes.
-Incentivos salariais e prêmios
por produtividade
-Condições de trabalho: O
conforto do operário e o ambiente físico ganham valor, não porque as pessoas
merecessem, mas porque são essenciais para o ganho de produtividade.
-Padronização: aplicação de
métodos científicos para obter a uniformidade e reduzir os custos
-Supervisão funcional: os
operários são supervisionados por supervisores especializados, e não por uma
autoridade centralizada.
-Homem econômico: o homem é
motivável por recompensas salariais, econômicas e materiais.
A empresa era vista como um
sistema fechado, isto é, os indivíduos não recebiam influências externas. O
sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico.
Fordismo
Idealizado pelo empresário estadunidense Henry
Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, o fordismo se caracteriza por
ser um método de produção caracterizado pela produção em série, sendo um
aperfeiçoamento do taylorismo.
Ford introduziu em suas fábricas
as chamadas linhas de montagem, nas quais os veículos a serem produzidos eram
colocados em esteiras rolantes e cada operário realizava uma etapa da produção,
fazendo com que a produção necessitasse de altos investimentos e grandes
instalações. O método de produção fordista permitiu que Ford produzisse mais de
2 milhões de carros por ano, durante a década de 1920. O veículo pioneiro de
Ford no processo de produção fordista foi o mítico Ford Modelo T, mais
conhecido no Brasil como "Ford Bigode".
O fordismo, teve seu ápice no
período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que
ficaram conhecidas na história do capitalismo como Os Anos Dourados. A crise
sofrida pelos Estados Unidos na década de 1970 foi considerada uma crise do
próprio modelo, que apresentava queda da produtividade e das margens de lucros.
A partir da década de 1980, esboçou-se nos países industrializados um novo
padrão de desenvolvimento denominado pós-fordismo ou modelo flexível
(toyotismo), baseado na tecnologia da informação.
Princípios fordistas:
- Intensificação;
- Produtividade;
- Economicidade.
Toyotismo
O toyotismo é um modo de
organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da globalização
do capitalismo na década de 1980. Surgiu no Japão após a II Guerra Mundial, mas
só a partir da crise capitalista da década de 1970 é que foi caracterizado como
filosofia orgânica da produção industrial (modelo japonês), adquirindo uma
projeção global.
O Japão foi o berço da
automação flexível, pois apresentava um cenário diferente do dos Estados Unidos
e da Europa: um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos, e
grande disponibilidade de mão-de-obra não especializada, impossibilitavam a
solução taylorista-fordista de produção em massa. A resposta foi o aumento na
produtividade na fabricação de pequenas quantidades de numerosos modelos de
produtos, voltados para o mercado externo, de modo a gerar divisas tanto para a
obtenção de matérias-primas e alimentos, quanto para importar os equipamentos e
bens de capital necessários para a sua reconstrução pós-guerra e para o
desenvolvimento da própria industrialização. O sistema pode ser teoricamente
caracterizado por quatro aspectos:
- Mecanização flexível, uma
dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da inexistência de
escalas que viabilizassem a rigidez.
- Processo de
multifuncionalização de sua mão-de-obra, uma vez que por se basear na
mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a
mão-de-obra não podia ser especializada em funções únicas e restritas como
a fordista. Para atingir esse objetivo os japoneses investiram na educação
e qualificação de seu povo e o toyotismo, em lugar de avançar na
tradicional divisão do trabalho, seguiu também um caminho inverso,
incentivando uma atuação voltada para o enriquecimento do trabalho.
- Implantação de sistemas de
controle de qualidade total, onde através da promoção de palestras de
grandes especialistas norte-americanos, difundiu-se um aprimoramento do
modelo norte-americano, onde, ao se trabalhar com pequenos lotes e com
matérias-primas muito caras, os japoneses de fato buscaram a qualidade
total. Se, no sistema fordista de produção em massa, a qualidade era
assegurada através de controles amostrais em apenas pontos do processo produtivo,
no toyotismo, o controle de qualidade se desenvolve por meio de todos os
trabalhadores em todos os pontos do processo produtivo.
- Sistema just in time que se caracteriza
pela minimização dos estoques necessários à produção de um extenso leque
de produtos, com um planejamento de produção dinâmico. Como indicado pelo
próprio nome, o objetivo final seria produzir um bem no exato momento em
que é demandado.
O Japão desenvolveu um elevado
padrão de qualidade que permitiu a sua inserção nos lucrativos mercados dos
países centrais e, ao buscar a produtividade com a manutenção da flexibilidade,
o toyotismo se complementava naturalmente com a automação flexível.
A partir de meados da década de
1970, as empresas toyotistas assumiriam a supremacia produtiva e econômica,
principalmente pela sua sistemática produtiva que consistia em produzir bens
pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao contrário do padrão
norte-americano. Com o choque do petróleo e a consequente queda no padrão de
consumo, os países passaram a demandar uma série de produtos que não tinham
capacidade, e, a princípio, nem interesse em produzir, o que favoreceu o
cenário para as empresas japonesas toyotistas. A razão para esse fato é que
devido à crise, o aumento da produtividade, embora continuasse importante,
perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a diversidade de produtos
para melhor atendimento dos consumidores.
Modo de
produção socialista
A
base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto
é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existindo empresas
privadas. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das
necessidades materiais e culturais da população: emprego, habitação, educação,
saúde. Nela não há separação entre proprietário do capital (patrão) e
proprietários da força do trabalho (empregados). Isto não quer dizer que não
haja diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função
de o trabalho ser manual ou intelectual.
Conclusão
Para produzir os bens de
consumo e de serviço de que necessitamos, os homens estabelecem relações uns
entre os outros. As relações que se estabelecem entre os homens na produção, na
troca e na distribuição dos bens são as relações de produção.
Nos últimos anos temos visto
uma revolução tecnológica crescente e que tem trazido novos direcionamentos
econômicos, culturais, sociais e educacionais à sociedade. A acelerada
transformação nos meios e nos modos de produção, causada pela revolução
tecnológica focaliza uma nova era da humanidade onde as relações econômicas
entre as pessoas e entre os países e a natureza do trabalho sofrem enormes
transformações.
Trabalho Formal
Os trabalhadores que
têm registro em carteira e seus direitos trabalhistas garantidos, recolhendo
uma taxa para a aposentadoria (contribuição ao INSS - Instituto Nacional de
Seguridade Social), ou as pessoas que, mesmo trabalhando por conta própria (sem
que estejam empregadas em empresas ou órgãos do governo), recolhem determinadas
taxas, desenvolvem atividades que são chamadas de formais, ou seja, estão de
acordo com uma série de leis que se referem ao trabalho e às atividades
econômicas.
Consiste em trabalho
fornecido por uma empresa, com todos os direitos
trabalhistas garantidos. O papel ocupado ou a função que a pessoa desempenha em
alguma atividade econômica lhe confere uma remuneração. No caso dos empregados
de uma empresa, por exemplo, essa remuneração pode ser chamada de salário ou de
vencimentos, sendo esta muito utilizada para se referir aos rendimentos dos que
trabalham em órgãos do governo.
Trabalho Informal
O uso da expressão
trabalho informal tem suas origens nos estudos realizados pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) no âmbito do Programa Mundial de Emprego
de1972. Ela aparece, de forma particular, nos relatórios a respeito das
condições de trabalho em Gana e Quênia, na África. O trabalho informal é o tipo
de trabalho desvinculado a qualquer empresa, ou seja, é o trabalho indireto
onde não há vínculo empregatício por meio de documentação legalizada. Esse tipo
de trabalho teve grande crescimento na década de 1990 quando a competitividade
fez com que as empresas optassem
por mão de obra qualificada e também frente à crise econômica, as empresas
tiveram que diminuir seu quadro de funcionários e baixar o valor de suas
mercadorias.
No decorrer do tempo, o homem foi substituído por
máquinas, fazendo com que mais pessoas passassem para a condição de
desempregados. Como maneira mais fácil e honesta, as pessoas se tornaram
trabalhadoras de rua (camelôs) que apesar de não lhes oferecer garantias e
benefícios, como férias, décimo terceiro salário, hora extra remunerada, FGTS,
licença maternidade-paternidade, seguro desemprego e outros, conseguem as
mínimas condições de subsistência.
Mais da metade da
população economicamente ativa (PEA) encontra-se no mercado informal de
trabalho, consequência dos altos índices de desemprego, da falta de mão de obra
qualificada, dentre outros motivos.
Trabalho Autônomo
No
Brasil, o trabalhador autônomo é a pessoa física que exerce por conta própria
atividade econômica com ou sem fins lucrativos. É o prestador de serviços que
não tem vínculo empregatício porque falta o requisito da subordinação. Segundo
dispõe a Lei Federal nº 8.212/91, trabalhador autônomo é a pessoa física que
exerce por conta própria atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não. É incorreta a definição da Lei 8.212 quando menciona que o
autônomo é apenas quem exerce atividade de natureza urbana, pois profissões
como a de engenheiro agrônomo, ou veterinário, podem exercer suas atividades no
âmbito rural.
Em
outras palavras, é a pessoa física que presta serviços a outrem por conta
própria, por sua conta e risco. Não possui horário, nem recebe salário, mas sim
uma remuneração prevista em contrato. Não se exige como requisito do
trabalhador autônomo o diploma de curso superior. Tanto é autônomo o advogado,
o médico, o engenheiro, o contador, como o vendedor de tecidos, o vendedor de
livros religiosos, etc. Muitas empresas, com o objetivo de reduzir custos,
contratam serviços de trabalhadores autônomos. Entretanto, essa opção pode não
alcançar o objetivo pretendido, pois se os serviços não forem executados com
autonomia, ficará caracterizado o vínculo empregatício, gerando custos ainda
maiores do que aqueles resultantes da contratação normal de um empregado.
Como
o próprio nome define, autônomo é sinônimo de independência; relativa a um
certo grau de liberdade, porém com limites. Muitas das ações que tramitam pela
Justiça do Trabalho têm como pretensão o reconhecimento da existência de
vínculo empregatício, nos mais diversos setores de atividade econômica.
Contudo, muitos problemas podem ser resolvidos através da prevenção,
utilizando-se, para tanto, da correta interpretação da legislação em vigor, do
estudo cuidadoso da doutrina e só alcance das decisões proferidas pelos
tribunais trabalhistas.
Dentre
as várias espécies de trabalhadores, o autônomo, como o próprio nome já
declara, é o que desenvolve sua atividade com mais liberdade e independência. É
ele quem escolhe os tomadores de seu serviço, assim como decide como e quando
prestará, tendo liberdade, inclusive, para formar seus preços de acordo com as
regras do mercado e a legislação vigente. O empregado por sua vez, espécie mais
comum de trabalhador, tem sua atividade disciplinada pela Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), que, em seu art. 3° o considera como sendo “toda pessoa
física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário”.
A
SOCIEDADE E SEUS ELEMENTOS
A sociedade é um amplo agrupamento de pessoas que
pode abranger diversas comunidades. É composta por um numeroso conjunto de
indivíduos com cultura, hábitos e comportamentos mais ou menos comuns.
A sociedade é formada por diferenças. Diferenças
sociais, religiosas, políticas etc. A sociedade brasileira é marcada pelo
profundo abismo que separa os mais ricos dos mais pobres. Somos uma das
sociedades mais desiguais do mundo. Mas, é claro que podemos mudar essa realidade
social, pois a sociedade é dinâmica, e como somos parte da sociedade, nossas
atitudes podem começar a fazer a mudança acontecer.
Infelizmente, é possível que não haja nunca uma
sociedade perfeita. Mas, no país democrático em que vivemos, a sociedade dispõe
de mecanismos para tentar equilibrar as diferenças, como a possibilidade de
mobilidade social.
Status Social e Papel
Social
Na sociedade encontramos indivíduos das mais
variadas posições sociais, como o medico, o professor, o militar etc. Os indivíduos
que compõem a sociedade não se relacionam nem se distribuem de um modo
qualquer. A posição social que ocupam implica direitos e deveres conforme o
valor social conferido a essa posição. A posição ocupada pelo individuo dentro
do espaço social denomina-se status social.
Cada pessoa em uma determinada sociedade pode
ocupar tantos status quanto são os grupos sociais às quais ela pertença.
Um sr. X, por exemplo, possui status de
idade e sexo; em sua família, ocupa o status de pai; é cidadão, é
advogado. Possui, portanto, vários status, alguns assumidos
sucessivamente, como o de idade (de criança passou a jovem, depois adulto e por
fim velho), e outros ocupados ao mesmo tempo. O sr. X, enquanto é pai, em sua
família possui direitos e deveres próprios de pai, é advogado no grupo
ocupacional, num clube recreativo é um dos sócios; na política, pertence a um
partido, podendo ou não fazer parte de um diretório.Entre vários status
que o indivíduo ocupa, um é considerado principal ou básico, pela
qual a pessoa é classificada e por cuja referencia sua conduta é julgada. O
status básico pode ser comparado a um centro ao redor do qual giram os
demais status. Por exemplo, um presidente da república é considerado
pelo status de chefe de um nação,
mais do que pelo seu status de pai, marido, eleitor, cidadão etc. Mas o status
que dá privilégios, poder, ascendência e que vai influir nos demais é o de
presidente da republica.
Papel Social
A parte dinâmica do status é o papel
social, que pode ser definido como a realização dos direitos e deveres
referentes ao status social a que o individuo pertence. O papel social é
o comportamento esperado do individuo que ocupa determinado status na
sociedade.
O professor lecionando, o pai aconselhando os
filhos, o médico receitando, o chefe distribuindo ordens e serviços: todas
essas pessoas estão desempenhando parte de seus papeis sociais. Cada individuo
desempenha o papel social de um modo considerado positiva ou negativa pela
sociedade. Alguns, a sociedade julga ótimos, por desempenharem de maneira
brilhante o seu papel, enquanto outros são julgados péssimos ou regulares,
conforme desempenhem mal ou ruim seus papéis.
Qual a importância dos status?
Na sociedade, todas nossas relações, nossas
interações com outros grupos ou pessoas são influenciados pelos status e
papéis sociais. Os status determinam:
a) a conduta do individuo no grupo e na
sociedade - cada individuo age de acordo com o que se espera da sua
posição;
b) os status determinam relações
sociais – as relações sociais entre pessoas estabelecem-se, portanto, tendo
por base os status sociais. A sociedade valoriza diversamente os status,
atribuindo mais valores a uns que a outros;
c) o status é mecanismo de controle
social – o status é uma poderosa arma de controle social usada nas relações humanas para regular o
comportamento do individuo na sociedade. Há mesmo normas que regem a conduta do
individuo conforme seu status social.
ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL
Se estivéssemos
parados observando uma rua bastante movimentada, uma constatação óbvia é que
poderíamos observar muitas pessoas das mais variadas posições sociais, de ambos
os sexos, das mais variadas faixas etárias, das mais variadas ocupações,
juntos, sem distinção. Como essa rua, a sociedade é formada por grupos de
pessoas de status diferenciados.
Há, entre os
indivíduos diferenças biológicas, psicológicas e diferenças sociais. As
diferenças sociais, quer sejam reconhecidas por lei ou não, são reais e
universais, baseadas em rendas, direitos, deveres, privilégios, poderes, valores,
responsabilidades diferentes entres os componentes da sociedade. Em função
dessas diversidades sociais os indivíduos se distribuem na sociedade em camadas
ou estratos hierarquizados e superpostos. Essas camadas são consideradas
estruturas sociais, compostas de indivíduos oriundos de grupos sociais
diversos, mas que se assemelham pelas suas rendas, posições e oportunidades
sociais. A essa diferenciação de uma sociedade em camadas ou estratos
hierarquizados e superpostos chamamos Estratificação Social.
A estratificação
social sempre é representada por uma pirâmide, que nos dá uma idéia gráfica da
sociedade, já que no ápice, em menor número, estão às camadas mais
privilegiadas, e na base, o maior número de pessoas menos favorecidas.
Formas de Estratificação
Social:Classes, castas e estamentos.
Você já ouviu muito que a sociedade brasileira é
formada por muitas classes sociais. Também deve ter curiosidade sobre
como funcionam as castas da Índia. Ou mesmo já leu no seu livro de
História que a sociedade francesa antes da Revolução de 1789 era estamental.
Mas, o que significam essas expressões?
- Os estamentos são sistemas de
estratificação social mais fechados que as classes sociais mas não tão
rígidos como o das castas. A posição ocupada pelo indivíduo na hierarquia
social é determinada por lei. Há diferenças de direitos, privilégios,
deveres e obrigações publicamente reconhecidos. As sociedades
aristocráticas da Europa feudal eram exemplos de estamentos.
- Castas
são camadas sociais cuja estratificação é
rígida e não permite qualquer mobilidade social. São impermeáveis e
hereditárias, ou seja, os descendentes de uma camada social
pertencerão à mesma camada. O casamento entre camadas diferentes é
proibido, só sendo permitido casar pessoas da mesma classe social (endogamia).
Na Índia, embora esteja oficialmente abolida, a divisão por castas ainda
existe e é muito difícil mudar essa realidade, que surgiu por motivos
religiosos e econômicos.
- Classes sociais
são camadas sociais cuja forma de estratificação
permite ao indivíduo ascender ou mudar de status social, mas não são
rígidas, por isso, dizemos que não são hereditárias, nem impermeáveis.
Ou seja, um filho de um operário pode se esforçar, estudar e se formar em
advocacia, ascender na pirâmide social. No Brasil, embora haja tantas
barreiras para quem possui menos, há essa possibilidade de mobilidade
social, como podemos observar no fato de que o nosso atual presidente
da república foi, no passado, um torneiro mecânico.
As classes sociais em um país democrático são
dinâmicas e despertam a consciência de classe. Ou seja, um grupo que se
identifica como pertencendo à mesma classe, defendendo-a, e ate mesmo
desenvolvendo um sentimento de superioridade ou inferioridade em relação às
demais. A consciência de classe pode ser benéfica, quando se volta para o
crescimento social daquele grupo de pessoas, mas pode também propiciar
conflitos sociais e hostilidades.
Mobilidade Social
Falamos sobre mobilidade social, mas o que
isso significa? Mobilidade Social é a mudança de um individuo de uma
classe social para outra ou de uma posição social para outra. Como no exemplo
do filho de operário que se tornou advogado ou do torneiro mecânico que se
tornou presidente da república.
A mobilidade social pode ser:
- horizontal – quando o individuo
muda de status ou posição social, sem mudar de camada social. Como
o operário que trabalhava numa fábrica de louças e passa a trabalhar numa
fábrica de automóveis. Ou mesmo o dono de uma loja de sapatos, que muda de
especialidade e abre uma loja de confecções.
- Vertical – quando a
mudança acontece entre camadas sociais, seja ascendente ou descendente.
A mobilidade social ascendente é o
deslocamento para uma camada superior, quer pela infiltração de indivíduos de
uma camada em outra superior (filho de operário que estuda, se forma professor
e passa para a classe média), quer pela criação de um novo grupo ou subida do
grupo todo para uma classe mais alta.
A mobilidade social descendente é o
deslocamento para uma camada inferior, quer pela descida de seus indivíduos
(falência de um industrial, por exemplo) quer pela desintegração do grupo ou
descida de seus componentes.
As classes sociais e as desigualdades
A desigualdade social
A chamada classe social nada mais é que a divisão
de pessoas feita a partir do seu status
social e de outros fatores ligados a ele. É resultado da forma com que as
pessoas viviam desde o período da Idade Média quando havia os estamentos,
formação de camadas sociais, onde os senhores feudais e o clero eram
“os indivíduos da classe alta", os servos “os indivíduos da classe baixa”,
porém adaptadas à situação do seu momento histórico.
A divisão de indivíduos a partir das classes sociais demonstra a desigualdade
existente em um mesmo território, seja ela econômica, profissional e até mesmo
de oportunidades. Como fato normal (como é encarado na atualidade), pode-se
perceber claramente em organizações a diferença entre pessoas de classes
sociais altas e baixas. São pessoas muito bem vestidas, atualizadas e
portadoras de grande conhecimento em oposição a pessoas mal instruídas que
somente conseguem acatar ordens, sem ao menos poder opinar sobre o resultado do
trabalho a ser executado, por falta de conhecimento.
A chegada do capitalismo fez com que as diferenças entre pessoas ficassem em
evidência, pois as pessoas que tinham condições para estabelecer ordens e
possuir funcionários compunham a classe alta enquanto aqueles que recebiam e
executavam as ordens preenchiam a classe média e baixa de acordo com seu grau
de instrução e sua remuneração.
Dessa forma, pessoas que não conseguem estudar e melhorar suas condições de
vida infelizmente torna-se cada vez mais atrasadas, resultando na dificuldade
em conseguir emprego e renda, em contrapartida, as pessoas com grau de
instrução melhor tende a cada dia mais se atualizar e renovar seus
conhecimentos, fazendo com que suas oportunidades sejam mais amplas. É o que
diz o velho ditado popular: “O rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez
fica mais pobre.”