Sociologia –
2º ano do ensino médio
Professor: Helio Ventura
1 – Visão filosófica do trabalho:
·
Pelo
trabalho o homem transforma a natureza. Sua ação é intencional, dirigida por um
projeto político (antecipação da ação pelo pensamento). O projeto orienta a
ação e esta altera o projeto, que de novo altera a ação, fazendo com que haja
mudança dos procedimentos empregados, o que gera o processo histórico.
·
O
homem faz uso da linguagem, comunicando-se com o outro e tornando presente no
pensamento o que está ausente.
·
O
trabalho é atividade coletiva.
·
Além
de transformar a natureza, o trabalho transforma o próprio homem. Ou seja, pelo
trabalho o homem se auto-produz. O trabalho altera a visão que o homem tem do
mundo e de si mesmo.
2 – Visão histórica do trabalho:
·
A
etmologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino tripaliari, do substantivo tripalium,
um aparelho de tortura. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento,
pena, labuta.
·
Na
Antigüidade grega, todo manual era desvalorizado por ser feito por escravos.
·
Na
Idade Medieval consideravam a ars
mechanica (arte mecânica) uma ars
inferior.
·
Na
Idade Moderna a situação começou a mudar com a ascensão dos burgueses, que
tinham origem fora da nobreza e que, portanto, tinham outra concepção a
respeito do trabalho. A burguesia busca novos mercados e há a necessidade de
estimular as navegações.
A história do trabalho é tão antiga quanto à do
homem. Em muitos momentos elas se confundem. Mas, por incrível que pareça, nem
sempre trabalho foi sinônimo de tortura como a etimologia da palavra demonstra.
O termo deriva do latim, tripalium, instrumento de tortura, derivando do
adjetivo tripális, que significa sustentado por três estacas ou mourões. O
termo tripaliare, influenciou vários idiomas, entre eles o português trabalhar,
o francês travailler, o espanhol trabajar e o italiano traballare. Mas quando
exatamente o trabalho deixou de ser algo simples e encantador para se tornar
sinônimo de sacrifício? E para onde está indo essa atividade que ocupa mais de
um terço de nossas vidas?
Podemos conceituar trabalho como o método pelo
qual se produz bens e serviços. O trabalho está bastante presente em nossa
sociedade, sendo um elemento de troca. O conceito de trabalho é importante para
designar justamente, a necessidade do homem em ter um convívio social, visto
que ninguém pode produzir sozinho todos os bens ou serviços que necessita,
fazendo necessário haver trocas desses bens e serviços com outros indivíduos.
O conceito de trabalho é generalizado, não se
restringindo ao tipo de trabalho realizado. Assim, em uma fábrica, por exemplo,
as atividades do presidente e do funcionário com menor posição hierárquica são
consideradas igualmente como trabalhos, visto que resultam em bens e serviços.
O que diferencia um trabalho é o tipo das
atividades realizadas. Não existe nenhum trabalho exclusivamente manual ou
exclusivamente intelectual, mas sim, uma combinação entre as atividades manuais
e intelectuais. Assim, podemos dizer que a atividade de um cientista é
predominantemente intelectual, porém também existem algumas atividades manuais
em seu trabalho. Da mesma forma, no caso de operário de construção civil, o
trabalho é predominantemente manual, porém existem certas atividades
intelectuais envolvendo seu trabalho.
O trabalho ainda pode ser classificado segundo o
grau de capacitação exigido dos profissionais. O trabalho qualificado é aquele
que só é feito mediante certo grau de aprendizagem e conhecimento, exemplo:
trabalho de um médico. Já o trabalho não qualificado se trata daquele onde não
é necessário possuir um grau de instrução, visto que as atividades podem ser
desenvolvidas por imitações ou simples instruções, exemplo: trabalho de um
servente de pedreiro.
É mesmo difícil de imaginar, mas já houve um
tempo em que não precisávamos trabalhar para viver. Naquela época, nossa comida
era banana e nossa casa um galho. E vivíamos felizes! Tudo o que necessitávamos
estava ali, ao alcance das nossas mãos. Vida simples, pouco stress.
Passávamos o tempo comendo, brincando, namorando e descansando. Um verdadeiro
paraíso. Daí, a Mãe Natureza nos “deu um gelo” e tivemos que abandonar o nosso
jardim do Éden à procura de alimento e abrigo. Jogados ao mundo, inexperientes
e indefesos, enfrentamos não apenas a fome, mas também alguns predadores
famintos. A situação apertou muito para o nosso lado até percebermos que
tínhamos um diferencial competitivo: mãos! Graças a elas, conseguimos criar
alguns artifícios capazes de garantir a nossa sobrevivência. Foi o início da
Era “gente que faz”, pois para ter alimento e proteção, precisávamos fazer
alguma coisa. A fórmula era, simplesmente, fazer = ter. E nós realmente
fizemos. Plantamos, industrializamos, informatizamos e globalizamos. De uma
espécie em risco de extinção com menos de dois milhões de seres, crescemos para
mais de seis bilhões sobre a face da Terra.
É nesse processo de agricultura, industrialização
e informatização que vamos nos aprofundar neste texto para saber para onde
estamos caminhando.
O ser humano teve muita dificuldade em se adaptar
à Era do Gelo
O trabalho de caça e coleta
Após a
era glacial há cerca de 150 mil anos, que secou nosso habitat natural, que eram
as árvores, caímos num mundo novo e totalmente desconhecido, o chão. Nas
árvores sabíamos nos virar e sobreviver, na terra não conseguíamos ser mais
velozes que um rato ou uma galinha, não tínhamos olfato apurado e nem uma boa
visão noturna para fugir dos predadores. O trabalho desse período era manter-se
vivo. Preservar a espécie era o melhor que poderíamos fazer, o homem trabalhava
apenas para ele mesmo. Precisamos de alguns milhares de anos de alimentação de
insetos para nos darmos conta de que com as mãos, poderíamos agarrar um pedaço
de pau e caçar bichos maiores e mais saborosos. Nesse momento o homem deixa de
lado a coleta para passar à caça. Caçar exige muito mais esforço, planejamento
e dedicação. O homem caçador tornou-se, desde aquela época, escravo de seu
trabalho. Somente quando trabalhava bem conseguia alimentar-se e dar de comer à
sua prole. O trabalho passou a ser uma obrigação que deveria ser feita todos os
dias, afinal não sabíamos se a caça daria certo naquele dia ou não. Ao
contrário dessa era, no tempo em que vivíamos nas árvores o labor era algo que
se fazia apenas quando necessário.
Agricultura
Há mais
de 12 mil anos, na pré-história do período neolítico, surgiu a agricultura,
baseada em duas observações:
1. Notamos que ao colocar alguns grãos na terra, esses seriam semeados, cresceriam e dariam origem a muitos outros na planta que nascia. Isso permitiu que nossa maior riqueza na época, o alimento, se multiplicasse.
2. Constatamos que em alguns períodos era mais difícil caçar. Concluímos por tanto, que se colhêssemos sementes conseguiríamos armazenar o alimento por muito mais tempo o que nos manteria vivos em épocas de “vacas magras”.
1. Notamos que ao colocar alguns grãos na terra, esses seriam semeados, cresceriam e dariam origem a muitos outros na planta que nascia. Isso permitiu que nossa maior riqueza na época, o alimento, se multiplicasse.
2. Constatamos que em alguns períodos era mais difícil caçar. Concluímos por tanto, que se colhêssemos sementes conseguiríamos armazenar o alimento por muito mais tempo o que nos manteria vivos em épocas de “vacas magras”.
A
agricultura possibilitou ao homem se estabelecer em uma região (ser
sedentário), não precisando mais correr atrás da presa e se deslocar por
territórios desabitados (ser nômade). Com mais permanência no mesmo lugar
geramos riquezas e melhoramos por conseqüência nosso padrão de vida. No
entanto, acabamos por desnaturalizar o ambiente, desmatando a vegetação nativa
para implantar a monocultura de poucas plantas. Buscamos sempre maior
quantidade com menor variedade. Posteriormente passamos a utilizar pesticidas e
outros elementos químicos, causando um grande impacto no solo, na água, na
fauna e na flora das regiões exploradas.
A agricultura, diferente da caça, era exercida
por homens e mulheres.
O
escambo e o comércio
Até
esse momento da história o trabalho tinha um único propósito: sobrevivência.
Caso ele nos proporcionasse subsistência estava cumprido seu papel. Surge
timidamente o comércio, que se inicia pelo processo de troca direta. Na verdade
o ser humano sempre usou o câmbio de produtos quando tinha uma necessidade
imediata. Com o passar do tempo, o comércio se organizou e se consolidou.
Concentrava-se principalmente em cidades que eram pontos de passagem de
peregrinações religiosas. Ele foi a primeira manifestação institucionalizada de
vontades mais elaboradas. Há cerca de 3000 anos, o homem começou a não se
contentar apenas em alimentar-se ele desejava sabores diferentes e sensações
inéditas.
Surgem
nessa época os artesãos, que introjetaram na sociedade a troca do trabalho pela
auto-estima ou pela utilidade de seus produtos. Os seus afazeres eram
realizados em oficinas construídas nas casas dos próprios artesãos, utilizando
poucas ferramentas, energia humana, animal e hidráulica, para criar um produto
único e não padronizado. Um artesão conseguia realizar todo o trabalho sozinho,
às vezes se aliava a um grupo para dividir as etapas do processo da produção.
Esse processo se chamava manufatura, pois não havia o uso de máquinas. Com cada
vez mais produção, as trocas começaram a ficar mais elaboradas , gerando a
necessidade de criar uma moeda. Esse é outro momento muito marcante na história
do labor. Até então, nenhum trabalho tinha um valor determinado. Era algo
subjetivo, todas as realizações valiam o preço da subsistência ou da
necessidade de outros. A partir da moeda, o trabalho começou a ter diferentes
valores. Iniciou-se também a especialização, por mais rude que ainda pudesse ser.
Modos de produção pré-capitalistas
O modo
de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como
os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por
suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
Modo de produção = forças produtivas +
relações de produção
Portanto,
o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de
produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade.
Os modos de produção são elementos que marcaram
toda a história. Podemos afirmar que na vida em sociedade, sempre há algum tipo
de modo de produção. Embora o capitalismo tenha surgido e se consolidado como o
sistema produtivo mais importante da história, houve muitos outros modos de
produção pré-capitalistas. É importante ressaltar que nenhum modo de produção é
único, ou seja, numa sociedade feudal, por exemplo, também pode haver trabalho
escravo.
Modo de produção comunal primitivo
É considerado o primeiro modo de produção da
história. Se iniciou a partir da época em que o homem deixou de ser nômade e
passou a plantar e caçar. Tal modo se baseia no uso coletivo dos meios de
produção, nas relações familiares e no cooperativismo, semelhantemente ao que
ocorre em muitas aldeias indígenas. Assim, no modo de produção comunal
primitivo, não havia propriedade privada, uma vez que todos os bens e modos de
produção eram coletivos.
O modo de produção
comunal primitivo designa uma formação econômica e social que abrange um período
muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva
existiu durante centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido
pelo escravismo, pelo feudalismo e pelo capitalismo juntos mal ultrapassa cinco milênios.
Na comunidade
primitiva os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos
do trabalho eram propriedade coletiva, ou seja, de todos. Não existia ainda a
idéia da propriedade privada dos meios de produção, nem havia a oposição
proprietários x não proprietários.
As
relações de produção eram relações de amizade e ajuda entre todos; elas eram
baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção, a terra em primeiro
lugar.
Também
não existia o estado. Este só passou a existir quando alguns homens começaram a
dominar outros. O estado surgiu como instrumento de organização social e de
dominação.
Modo de produção escravista
Diferentemente do comunal primitivo, o modo de
produção escravista foi o primeiro a estabelecer o conceito de propriedade
privada. Os senhores, a minoria, eram proprietários dos escravos. As relações
aqui não são de cooperação, como no modo comunal primário, mas sim, de domínio
e sujeição, uma vez que os escravos eram vistos como instrumentos, como objetos,
animais, etc.
Outro importante fato referente a esse sistema é
que foi a partir dele – e do surgimento da propriedade privada – que surgiu a
necessidade de se criar um órgão para garantir o bem-estar, a justiça, a ordem
e a manutenção dos direitos dos proprietários de terras: o Estado.
Na
sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e
os escravos eram propriedade do senhor. O escravo era considerado um
instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta.
Assim,
no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de
domínio e de sujeição: senhores x escravos. Um pequeno número de senhores
explorava a massa de escravos, que não tinham nenhum direito.
Os
senhores eram proprietários da força de trabalho (os escravos), dos meios de
produção (terras, gado, minas, instrumentos de produção) e do produto de
trabalho.
Modo de produção asiático
Presente principalmente nas civilizações da
antiguidade, como Egito e Mesopotâmia, bem como na China e na Índia. Foi
marcado pela existência de um Estado forte que apresentava mecanismos
burocráticos e eficientes com o fim de submeter toda a sociedade ao seu poder.
Todos os bens e meios de produção eram pertencentes ao Estado, sendo este
encarnado pelo rei, imperador, etc.
A agricultura, base da
economia desses Estados, era praticada por comunidades de camponeses presos à
terra, que não podiam abandonar seu local de trabalho e viviam
submetidos a um regime de trabalho
compulsório. Na verdade, esses camponeses (ou aldeões) tinham acesso
à coletividade das terras de sua comunidade, ou seja, pelo fato de pertencerem
a tal comunidade, eles tinham o direito e o dever
de cultivar as terras desta.
Fatores
que determinaram o fim do modo de produção asiático:
·
A propriedade de terra pelos nobres;
·
O alto custo de manutenção dos setores improdutivos;
·
A rebelião dos servos e
escravos.
Modo de produção feudal
Predominante na Europa ocidental entre os séculos
V e XVI, foi marcado pelas relações entre senhores e servos. Os senhores eram
os donos da terra e do trabalho agrícola do servo, contudo, os servos não eram
vistos apenas como objetos, como no modo escravista. O servo tinha o direito de
cultivar um pedaço de terra cedido pelo senhor e viver ali com sua família. Em
troca, ele pagava impostos, rendas, além de trabalhar para o senhor. Os
senhores feudais tinham certa independência em relação ao sistema político
presente, visto que possuíam seus próprios exércitos.
A sociedade feudal era
constituída pelos senhores x servos. Os servos não eram escravos de seus
senhores, pois não eram propriedade deles. Eles apenas os serviam em troca de
casa e comida. Trabalhavam um pouco para o seu senhor e outro pouco para eles
mesmos.
Num
determinado momento, as relações feudais começaram a dificultar o desenvolvimento
das forças produtivas. Como a exploração sobre os servos no campo aumentava, o
rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o crescimento da
produtividade dos artesãos era freado pelos regulamentos existentes e o próprio
crescimento das cidades era impedido pela ordem feudal.Já começava a aparecer
às relações capitalistas de produção.
Modo de
produção capitalista
O que caracteriza o modo
de produção capitalista são as relações assalariadas de produção (trabalho
assalariado). As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade
privada dos meios de produção pela burguesia, que substituiu a propriedade
feudal, e no trabalho assalariado, que substituiu o trabalho servil do
feudalismo. O capitalismo é movido por lucros, portanto temos duas classes
sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.
Grandes
mudanças começaram a ocorrer em toda a Europa independentemente da vontade
daqueles que detinham o poder e a riqueza, a partir do século XV, o comércio já
era a principal atividade econômica na Europa, nesse período, o capitalismo
(mercantil ou comercial) estruturava-se definitivamente a partir da necessidade
e do interesse dos países europeus ou algumas cidades européias em aumentar seu
mercado para além dos limites nacionais e continentais. Essas mudanças
ocorreram de forma gradativa, imperceptíveis para aqueles que viviam naquela
época. Começaram a surgir novos grupos sociais: comerciantes, artesãos e
camponeses livres, algo impossível durante o período feudal, pois a dificuldade
de mobilidade social era fato.
A
partir daí, ocorreu a decadência do feudalismo; a servidão
da gleba (obrigações feudais dos servos) foi substituída pelo trabalho
assalariado, e a primazia dos senhores feudais coube então à burguesia
mercantil e ao rei. A ampliação do comércio internacional consolidou o sistema
capitalista dentro de uma sociedade de classes, na qual, de um lado, surgia e
se fortalecia uma burguesia mercantil que, em aliança com os reis, detinha o
poder e a riqueza (capital), e, de outro lado, o proletariado que, separado do
capital e de seus meios de produção, tinha a oferecer sua força de trabalho em
troca de salário.
Foram
dois séculos de amadurecimento até a Revolução
Industrial (1750). As inovações técnicas aliadas às riquezas provenientes
das áreas colonizadas acabaram por promover um acúmulo de capital e uma
crescente expansão da economia. O capitalismo se tornou o modo de produção
dominante a partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra.
Surgiu,
assim, a necessidade de garantir o fornecimento de matérias-primas, dominar os
mercados consumidores e aplicar o capital de maneira segura, aumentando a
capacidade de produzir e, conseqüentemente, os lucros. A riqueza provinha,
então, da capacidade de produzir mercadorias e não mais do comércio.
Assim,
o capitalismo industrial provocou a disputa pelas áreas fornecedoras de
matérias-primas, pelos mercados compradores e pelos locais de investimentos
seguros, levando as grandes potências dos séculos XIX e XX (Inglaterra, França,
Bélgica, Japão, EUA e tardiamente Itália e Alemanha) a competir pela dominação
política e econômica do mundo e pela partilha dos territórios asiáticos e
africanos[1],
de acordo com seus próprios interesses.
O
resultado da competição foi o imperialismo expresso pelo domínio econômico de
uma nação sobre outra, na tentativa de manter o abastecimento de
matérias-primas e os mercados consumidores, o que teve como conseqüências o
militarismo, o nacionalismo, o racismo e a hierarquização das nações.
A
partir da Segunda
Guerra Mundial, com as potências européias enfraquecidas e em crise, surgem
os EUA como grandes investidores externos, graças ao acúmulo de capital e a seu
crescente poder político-militar. O capitalismo entra em uma nova fase,
financeira ou monopolista, com a expansão de grandes empresas[2],
o incessante acúmulo de capitais em escala mundial, o monopólio e a
internacionalização da produção. Uma das características do modo de produção
capitalista são as relações assalariadas de produção; tais relações baseiam-se
na propriedade privada dos meios de produção, livre concorrência e livre
iniciativa (economia de mercado); lucro como objetivo; presença de duas classes
sociais: burguesia e proletariado.
O capitalismo compreende quatro etapas:
Pré-capitalismo: o modo
de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem relações
capitalistas.
Capitalismo comercial: a
maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a
camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se mais comum.
Capitalismo industrial: com a
revolução industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas
industrias, que se tornam a atividade econômica mais importante; o trabalho
assalariado firma-se definitivamente.
Capitalismo financeiro: os
bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais
atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, a industria, à
pecuária, e ao comercio.
Taylorismo
Taylorismo
ou Administração científica é o modelo de administração desenvolvido pelo
engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que é
considerado o pai da administração científica.
Taylor
pretendia definir princípios científicos para a administração das empresas.
Tinha por objetivo resolver os problemas que resultam das relações entre os
operários, como conseqüência modifica-se as relações humanas dentro da empresa,
o bom operário não discute as ordens, nem as instruções, faz o que lhe mandam
fazer.
Organização
Racional do Trabalho:
-
Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos: objetivava a isenção de
movimentos inúteis, para que o operário executasse de forma mais simples e
rápida a sua função, estabelecendo um tempo médio.
-Estudo
da fadiga humana: a fadiga predispõe o trabalhador à diminuição da
produtividade e perda de qualidade, acidentes, doenças e aumento da
rotatividade de pessoal.
-Divisão
do trabalho e especialização do operário
-Desenho
de cargos e tarefas: desenhar cargos é especificar o conteúdo de tarefas de uma
função, como executar e as relações com os demais cargos existentes.
-Incentivos
salariais e prêmios por produtividade
-Condições
de trabalho: O conforto do operário e o ambiente físico ganham valor, não
porque as pessoas merecessem, mas porque são essenciais para o ganho de
produtividade
-Padronização:
aplicação de métodos científicos para obter a uniformidade e reduzir os custos
-Supervisão
funcional: os operários são supervisionados por supervisores especializados, e
não por uma autoridade centralizada.
-Homem
econômico: o homem é motivável por recompensas salariais, econômicas e
materiais.
A
empresa era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos não recebiam
influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e
determinístico.
Fordismo
Idealizado pelo
empresário estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor
Company, o fordismo se caracteriza por ser um método de produção caracterizado
pela produção em série, sendo um aperfeiçoamento do taylorismo.
Ford
introduziu em suas fábricas as chamadas linhas de montagem, nas quais os
veículos a serem produzidos eram colocados em esteiras rolantes e cada operário
realizava uma etapa da produção, fazendo com que a produção necessitasse de
altos investimentos e grandes instalações. O método de produção fordista
permitiu que Ford produzisse mais de 2 milhões de carros por ano, durante a
década de 1920. O veículo pioneiro de Ford no processo de produção fordista foi
o mítico Ford Modelo T, mais conhecido no Brasil como "Ford Bigode".
O
fordismo, teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas
décadas de 1950 e 1960, que ficaram conhecidas na história do capitalismo como
Os Anos Dourados. A crise sofrida pelos Estados Unidos na década de 1970 foi
considerada uma crise do próprio modelo, que apresentava queda da produtividade
e das margens de lucros. A partir da década de 1980, esboçou-se nos países
industrializados um novo padrão de desenvolvimento denominado pós-fordismo ou
modelo flexível (toyotismo), baseado na tecnologia da informação.
Princípios
fordista:
·
Intensificação;
·
Produtividade;
·
Economicidade.
Toyotismo
O
toyotismo é um modo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a
partir da globalização do capitalismo na década de 1980. Surgiu no Japão após a
II Guerra Mundial, mas só a partir da crise capitalista da década de 1970 é que
foi caracterizado como filosofia orgânica da produção industrial (modelo
japonês), adquirindo uma projeção global.
O Japão
foi o berço da automação flexível pois apresentava um cenário diferente do dos
Estados Unidos e da Europa: um pequeno mercado consumidor, capital e
matéria-prima escassos, e grande disponibilidade de mão-de-obra
não-especializada, impossibilitavam a solução taylorista-fordista de produção
em massa. A resposta foi o aumento na produtividade na fabricação de pequenas
quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado externo,
de modo a gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos,
quanto para importar os equipamentos e bens de capital necessários para a sua
reconstrução pós-guerra e para o desenvolvimento da própria industrialização. O
sistema pode ser teoricamente caracterizado por quatro aspectos:
mecanização
flexível, uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da
inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez.
processo
de multifuncionalização de sua mão-de-obra, uma vez que por se basear na
mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a
mão-de-obra não podia ser especializada em funções únicas e restritas como a
fordista. Para atingir esse objetivo os japoneses investiram na educação e
qualificação de seu povo e o toyotismo, em lugar de avançar na tradicional
divisão do trabalho, seguiu também um caminho inverso, incentivando uma atuação
voltada para o enriquecimento do trabalho.
implantação
de sistemas de controle de qualidade total, onde através da promoção de
palestras de grandes especialistas norte-americanos, difundiu-se um
aprimoramento do modelo norte-americano, onde, ao se trabalhar com pequenos
lotes e com matérias-primas muito caras, os japoneses de fato buscaram a
qualidade total. Se, no sistema fordista de produção em massa, a qualidade era
assegurada através de controles amostrais em apenas pontos do processo
produtivo, no toyotismo, o controle de qualidade se desenvolve por meio de
todos os trabalhadores em todos os pontos do processo produtivo.
sistema
just in time que se caracteriza pela minimização dos estoques necessários à
produção de um extenso leque de produtos, com um planejamento de produção
dinâmico. Como indicado pelo próprio nome, o objetivo final seria produzir um
bem no exato momento em que é demandado.
O Japão
desenvolveu um elevado padrão de qualidade que permitiu a sua inserção nos
lucrativos mercados dos países centrais e, ao buscar a produtividade com a
manutenção da flexibilidade, o toyotismo se complementava naturalmente com a
automação flexível.
A
partir de meados da década de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a
supremacia produtiva e econômica, principalmente pela sua sistemática produtiva
que consistia em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e
matéria-prima, ao contrário do padrão norte-americano. Com o choque do petróleo
e a conseqüente queda no padrão de consumo, os países passaram a demandar uma
série de produtos que não tinham capacidade, e, a princípio, nem interesse em
produzir, o que favoreceu o cenário para as empresas japonesas toyotistas. A
razão para esse fato é que devido à crise, o aumento da produtividade, embora
continuasse importante, perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a
diversidade de produtos para melhor atendimento dos consumidores.
Modo de produção socialista
A base econômica do socialismo é a propriedade social dos
meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não
existindo empresas privadas. A finalidade da sociedade socialista é a
satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população:
emprego, habitação, educação, saúde. Nela não há separação entre proprietário
do capital (patrão) e proprietários da força do trabalho (empregados). Isto não
quer dizer que não haja diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários
desiguais em função de o trabalho ser manual ou intelectual.
Conclusão
Para
produzir os bens de consumo e de serviço de que necessitamos, os homens
estabelecem relações uns entre os outros. As relações que se estabelecem entre
os homens na produção, na troca e na distribuição dos bens são as relações de
produção.
Nos
últimos anos temos visto uma revolução tecnológica crescente e que tem trazido
novos direcionamentos econômicos, culturais, sociais e educacionais à
sociedade. A acelerada transformação nos meios e nos modos de produção, causada
pela revolução tecnológica focaliza uma nova era da humanidade onde as relações
econômicas entre as pessoas e entre os países e a natureza do trabalho sofrem
enormes transformações.
Trabalho
Formal
Os trabalhadores que
têm registro em carteira e seus direitos trabalhistas garantidos, recolhendo
uma taxa para a aposentadoria (contribuição ao INSS - Instituto Nacional de
Seguridade Social), ou as pessoas que, mesmo trabalhando por conta própria (sem
que estejam empregadas em empresas ou órgãos do governo), recolhem determinadas
taxas, desenvolvem atividades que são chamadas de formais, ou seja, estão de
acordo com uma série de leis que se referem ao trabalho e às atividades
econômicas.
Consiste em trabalho
fornecido por uma empresa, com todos os direitos
trabalhistas garantidos. O papel ocupado ou a função que a pessoa desempenha em
alguma atividade econômica lhe confere uma remuneração. No caso dos empregados
de uma empresa, por exemplo, essa remuneração pode ser chamada de salário ou de
vencimentos, sendo esta muito utilizada para se referir aos rendimentos dos que
trabalham em órgãos do governo.
Trabalho
Informal
O uso da expressão
trabalho informal tem suas origens nos estudos realizados pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) no âmbito do Programa Mundial de Emprego
de1972. Ela aparece, de forma particular, nos relatórios a respeito das
condições de trabalho em Gana e Quênia, na África.O trabalho informal é o tipo
de trabalho desvinculado a qualquer empresa, ou seja, é o trabalho indireto
onde não há vínculo empregatício por meio de documentação legalizada. Esse tipo
de trabalho teve grande crescimento na década de 1990 quando a competitividade
fez com que as empresas optassem por
mão-de-obra qualificada e também frente à crise econômica, as empresas tiveram
que diminuir seu quadro de funcionários e baixar o valor de suas mercadorias.
No decorrer do tempo, o
homem foi substituído por máquinas, fazendo com que mais pessoas passassem para
a condição de desempregados. Como maneira mais fácil e honesta, as pessoas se
tornaram trabalhadoras de rua (camelôs) que apesar de não lhes oferecer
garantias e benefícios, como férias, décimo terceiro salário, hora extra
remunerada, FGTS, licença maternidade-paternidade, seguro
desemprego e outros conseguem as mínimas condições de subsistência.
Mais da metade da
população economicamente ativa (PEA) encontra-se no mercado informal de
trabalho, consequência dos altos índices de desemprego, da falta de mão de obra
qualificada, dentre outros motivos.
Trabalho
Autônomo
No Brasil, o
trabalhador autônomo é a pessoa física que exerce por conta própria atividade
econômica com ou sem fins lucrativos. É o prestador de serviços que não tem
vínculo empregatício porque falta o requisito da subordinação. Segundo dispõe a
Lei
Federal nº 8.212/91, trabalhador autônomo é a pessoa física que exerce por conta
própria atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. É
incorreta a definição da Lei 8.212 quando menciona que o autônomo é apenas quem
exerce atividade de natureza urbana, pois profissões como a de engenheiro
agrônomo, ou veterinário, podem exercer suas atividades no âmbito rural.
Em outras palavras, é a
pessoa física que presta serviços a outrem por conta própria, por sua conta e risco.
Não possui horário, nem recebe salário, mas sim uma remuneração prevista em contrato.
Não se exige como requisito do trabalhador autônomo o diploma de curso
superior. Tanto é autônomo o advogado, o médico, o engenheiro, o contador, como
o vendedor de tecidos, o vendedor de livros religiosos, etc. Muitas empresas,
com o objetivo de reduzir custos, contratam serviços de trabalhadores
autônomos. Entretanto, essa opção pode não alcançar o objetivo pretendido, pois
se os serviços não forem executados com autonomia, ficará caracterizado o
vínculo empregatício, gerando custos ainda maiores do que aqueles resultantes
da contratação normal de um empregado.
Como o próprio nome
define, autônomo é sinônimo de independência; relativa a um certo grau de
liberdade, porém com limites.Muitas das ações que tramitam pela Justiça do
Trabalho têm como pretensão o reconhecimento da existência de vínculo
empregatício, nos mais diversos setores de atividade econômica.Contudo, muitos
problemas podem ser resolvidos através da prevenção, utilizando-se, para tanto,
da correta interpretação da legislação em vigor, do estudo cuidadoso da
doutrina e só alcance das decisões proferidas pelos tribunais trabalhistas.
Dentre as várias espécies
de trabalhadores, o autônomo, como o próprio nome já declara, é o que
desenvolve sua atividade com mais liberdade e independência. É ele quem escolhe
os tomadores de seu serviço, assim como decide como e quando prestará, tendo
liberdade, inclusive, para formar seus preços de acordo com as regras do
mercado e a legislação vigente. O empregado por sua vez, espécie mais comum de
trabalhador, tem sua atividade disciplinada pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), que, em seu art. 3° o considera como sendo “toda pessoa física
que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário”.
Fontes:
http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u77.jhtm
http://www.assimfaloudenardi.com/2007/05/histria-do-trabalho.html
http://www.coladaweb.com/economia/modos-de-producao
http://www.mundoeducacao.com.br/sociologia/modos-producao-precapitalistas.htm
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