Helio Ventura

Helio Ventura
Helio Ventura, Cientista Social e Músico

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Evento gratuito na Ação da Cidadania: Cais do Porto Musical - Música dos Africanos Escravizados




Evento gratuito na Ação da Cidadania.

 

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Cais do Porto Musical: Música dos Africanos Escravizados

Ação da Cidadania reúne Nei Lopes, Carlos Negreiro, Jovi Joviniano, Laudir de Oliveira e outros expoentes da música e estudos africanos


Festival de Música no Centro Cultural Ação da Cidadania receberá grandes nomes da música brasileira com a “Música dos Africanos Escravizados”

Uma grande reunião para celebrar, através de belos cantos e batuques, a luta dos africanos escravizados: o projeto Cais do Porto Musical reabre suas portas em maio com programação que oferecerá ao público uma oportunidade ímpar de apreciar a música africana através de palestras, oficinas, e apresentações de canto responsorial e percussão. O Centro Cultural Ação da Cidadania, numa programação com dois dias dedicados a um rico mergulho às nossas raízes musicais, receberá Carlos Negreiros, Laudir de Oliveira, Jovi Joviniano e Murilo O’Reilly que entoarão seu “Canto negro”, a polirritmia afro-brasileira que se faz presente em cantos ioruba e banto. A palestra ficará por conta de ninguém menos que Nei Lopes, cantor, compositor, escritor e grande estudioso das culturas africanas.

Reunindo-se pela primeira vez exclusivamente para o projeto, o quarteto levará para o palco instrumentos como Rum, Rum-Pi, Agogô, Xequerê, Caxixi e Lé. Serão cantadas músicas de matriz africana que são profundamente incorporadas à música brasileira atual. Para Jovi Joviniano, que já tocou com outros nomes da música brasileira – como Marisa Monte, Gilberto Gil, Lenine, Beth Carvalho e Arthur Moreira Lima, “essa é uma oportunidade de manter ativa a sabedoria dos ritmos e de poder estar em contato com as raízes da nossa música. Sinto-me realimentado através da música africana”. Carlos Negreiros homenageará, com seu atabaque de 45 anos, confeccionado por Aurelino Encarnação, o inesquecível Abdias Nascimento, que completaria 100 anos em 2014. Para ele, será oferecido o “Canto Negro”, composto em sua homenagem, “para comemorar a existência e representação de Abdias na luta contra o racismo e no reconhecimento do negro”, afirma Negreiros.

Nei Lopes ministrará a palestra “Os Primeiros Escravos Africanos: Música e Religião”, desenvolvendo o tema a partir da sua vasta obra toda centrada na temática africana e afro-originada. As religiões africanas nas Américas só se consolidam e formatam como tais (candomblé, santería, vodu, umbanda etc.) a partir do século XIX. Baseado nas práticas do continente de origem pode-se estabelecer algumas pistas, como as seguintes: prevalência de elementos bantos, do centro-sudoeste africano; inexistência de templos ou coletividades religiosas, pela quebra dos laços parentais; indissociabilidade entre religiosidade e música, já que na tradição africana a religiosidade faz parte de todos os atos da vida, inclusive da criação musical. É sobre esses pontos que Nei falará ao público a partir das 19h do dia 16.

Nos próximos meses, a programação do projeto Cais do Porto Musical receberá os seguintes temas: Música Europeia dos Jesuítas, Música Africana nos Quilombos, Lundus e Modinhas, Gafieiras Cariocas, Música e Dança, Bandas e Orquestras.

CAIS DO PORTO MUSICAL | MAIO: MÚSICA DOS ESCRAVOS AFRICANOS

Festival de Música promove shows e oficinas tendo a música brasileira como referência. Em maio o tema é a música dos escravos africanos. Grátis.

15 de maio
Oficina com Carlos Negreiros para estudantes da rede municipal de ensino (das 15h às 17h).

16 de maio - palestra e apresentação artística
18h30 | Distribuição de senhas/ingressos

19h | Palestra com Nei Lopes

20h | Apresentação artística: Canto Negro

Classificação etária: 12 anos | Capacidade do local - 1.000 lugares

Centro Cultural Ação da Cidadania: Av. Barão de Tefé, 75 - Centro (prox. Praça Mauá e do Hospital dos Servidores). Mais informações: 21 2233-7460

Sinopse das próximas atrações:

A Música Europeia dos Jesuítas que chega à colônia tem os seus princípios elementares e instrumentos apresentados aos indígenas. O Grupo Codex Sanctissima, revela “As Missões Jesuítas, a música na Catequese”.  A música antiga com ênfase no repertório medieval é apresentada pelo Grupo, que busca aproximar o ouvinte menos acostumado a esse estilo, sem abrir mão da autenticidade estética e da pesquisa musicológica. Complementando o módulo, oficinas de flauta doce e canto coral.

A Música Africana nos Quilombos é preservada surgindo assim a primeiras formas de uma música afro-brasileira, que originariam os afoxés, lundus, jongo, maracatu, maxixe e o samba. A historiadora Helena Theodoro retrata o “Quilombo dos Palmares – Um século de resistência”.  O tradicional Afoxé Filhos de Gandhi, fundado em 1951 por iniciativa dos trabalhadores da zona do cais do porto do Rio de janeiro, apresenta seu canto e dança em cortejos de grande importância para as religiões afro-brasileiras.

Lundus e Modinhas é a música brasileira que surge através da transição, assimilação e fusão com a música africana e europeia de origem. “A Modinha que deu a Serenata e o Lundu que deu Samba” é a transição revelada pelo pesquisador Nicolas Souza Barros. O Grupo Quadro Cervantes, uma referência em música antiga, oferece uma oficina de danças renascentistas com a música tocada ao vivo pelos ministrantes. As modinhas e lundus do século XIX compõem o repertório da apresentação do Grupo.

Gafieiras Cariocas, Música e Dança -  a popularidade do lundu, com sua dança das umbigadas, o samba embrionário, o nascimento do maxixe, considerada a primeira dança de par e gênero musical genuinamente brasileiro, os lendários cabarés da Lapa, e  o surgimento do Samba de Gafieira  são  estudados nesse módulo com palestra do pesquisador  Ricardo Cravo Albin. A Cia. Aérea de Dança, liderada por João Carlos Ramos, apresenta suas pesquisas corporais em torno do samba e da gafieira, que a qualifica como uma das mais importantes companhias de dança da cena carioca.

Bandas e Orquestras, na linha do tempo da música brasileira, têm a sua origem nas charangas dos negros barbeiros, passando pelos pequenos grupos de chorinho, pelas festas dos chorões até o surgimento das bandas, fanfarras e orquestras.  A primeira edição do Festival Cais do Porto Musical, finaliza com duas atrações representativas: O Grupo de Chorinho AMC da baixada fluminense e a Orquestra Pixinguinha, dirigida pelo maestro Henrique Cazes, em ambas, a música-síntese de fusões do gênio carinhoso do maestro Pixinguinha.