“Respeitem meus cabelos, brancos!”1
Por Helio Ventura*
15 de abril de 2009
"Se a Michelle Obama alisa seus cabelos crespos, porque não eu também?" Esta foi a chamada de uma postagem em um blog (http://belezasnegras.blogspot.com/2009/03/se-michelle-obama-alisa-seus-cabelos.html), que além de fotos da bela primeira-dama estadunidense, ainda tinha uma link para uma reportagem exibida em conhecido programa dominical noturno (em 08 de março de 2009), mostrando que a maior preocupação de beleza das mulheres negras é o cabelo, algo que já é sabido há muito (http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM978779-7823-MULHERES+FAZEM+MUTIRAO+DE+BELEZA,00.html).
Antes de mais nada, gostaria de dizer que cada um tem o direito de buscar o visual que melhor lhe agrade, inclusive referente aos cabelos. Mas precisamos refletir sobre o contexto de tudo. Vejamos: Michelle Obama é uma mulher estadunidense, onde o processo de afirmação e elevação da auto-estima do afro-americano ocorre há mais de 40 anos. Os afro-americanos têm orgulho de serem como são, não se negam (ao menos em sua maioria). Já no Brasil, somente há pouco, e sob polêmicos protestos, inicia-se este processo de afirmação, buscando a construção de uma identidade étnica negra positiva. Ainda hoje é comum vermos o negro e tudo que se refere a ele como inferior, ruim ou do mal (cor, aparência, cabelo, religiosidade...).
Onde quero chegar? Como disse de início, todos têm o direito de se sentir bem. Mas o que diferencia uma mulher negra brasileira de uma afro-americana? É que a afro-americana não alisa o cabelo por achar que o cabelo dela é ruim e feio, mas porque é apenas mais uma alternativa dentre uma gama de possibilidades dela se produzir. Então eu coloco aqui: o problema não é alisar o cabelo, mas achar que somente o cabelo alisado é bonito. Reflitamos, pois a ideologia do branqueamento universaliza um padrão de beleza europeu como o único, e acabamos perdendo a beleza das inúmeras possibilidades da diversidade.
1 Trecho de uma música de Chico Cezar.
* Helio Ventura é Cientista Social; ativista do Movimento PVNC - Pré-Vestibular para Negros e Carentes; membro do COMDEDINEPIR - Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e Promoção da Igualdade Racial e Étnica de Duque de Caxias. Contatos: - (21) 9193-1094 / helioventura@gmail.com
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